Mansão mais cara do Brasil é vendida no Leblon e vai virar condomínio de meio bilhão







Reportagem sobre a venda da mansão mais cara do Brasil

Reportagem especial: A venda da mansão mais cara do Brasil no Leblon

Mansão mais cara do Leblon, avaliada em R$ 220 milhões – Divulgação e Exame

A mansão mais cara do Brasil, localizada no exclusivo Jardim Pernambuco – área nobilíssima do Leblon – uma espécie de condomínio fechado, foi finalmente vendida. O furo original de sua colocação à venda foi dado aqui no DIÁRIO, em 2019. Desde então a casa de 220 milhões de reais pertencente aos ex-donos do antológico Supermercado Disco se celebrizou e virou até matéria do Fantástico, na TV Globo.

O negócio, segundo publicou há pouco a revista Exame, foi fechado há dez dias pela construtora Mozak, especializada em imóveis de alto padrão na Zona Sul da cidade. E a venda – ou ‘listing”, como se fala no mercado imobiliário – estava a cargo do corretor Paulo Cézar Ximenes, Diretor da Sergio Castro Ouro, uma divisão de alto luxo dentro da imobiliária conhecida pela venda de grandes edifícios, áreas comerciais e hotéis. A compra da casa anunciada inicialmente por R$ 220 milhões, pode ter sido a mais alta já realizada pela Mozak Engenharia, embora o valor efetivo da venda não tenha sido divulgado pela empresa, que se tornou uma das mais tradicionais da região de Ipanema e Leblon, conhecida por realizar negócios quase impossíveis.

Construída pela família Amaral, proprietária dos supermercados Disco, em 1986 – apesar de aparentar ser mais antiga por conta da bonita arquitetura – a mansão ocupa um terreno do tamanho de um quarteirão: 11 mil metros quadrados – e tem 2,5 mil metros quadrados de área construída, contando com com seis suítes, 18 banheiros e 15 vagas de garagem, biblioteca, salas de estar, jantar, música e reunião, além de área de lazer com piscina semiolímpica e sauna e churrasqueira. O local também é equipado com heliponto particular. Os jardins levam a assinatura do paisagista Burle Marx.

Ximenes explica que a casa poderia até parecer ter um valor muito alto, como residência, mas como terreno para um grande condomínio, é um grande negócio, pois os preços no Jardim Pernambuco são altos. “Mesmo assim, grande parte dos que adquirem casas por valores que chegam a 30-40 milhões, acabam demolindo os imóveis para fazer novos”, explica o diretor da Sergio Castro Ouro. Nesta toada, revela que o plano da Mozak é a divisão do terreno em dez ou doze lotes. O projeto deve gerar um Valor Geral de Vendas (VGV) estimado em pelo menos R$ 500 milhões e marca a entrada da empresa na construção de casas. “A Sergio Castro Ouro vai trabalhar a venda das unidades”, explica Ximenes, que brinca que ganhou uma aposta com os donos da imobiliária. O corretor representou os proprietários da casa durante vários anos e mostrou a casa a quase 30 interessados diferentes no decorrer dos anos.

A Mozak pretende vender cada unidade a um impressionante preço de R$ 150 mil/m², o que fará do empreendimento o mais caro do Brasil, que tem em uma cobertura de luxo, também no Leblon, o segundo imóvel mais caro do País. “Este será o condomínio de casas mais exclusivo do país; elevará o Jardim Pernambuco a um patamar ainda superior, pois terá projetos quase que exclusivamente dos maiores arquitetos brasileiros”, diz Ximenes. O valor das casas será 50% maior que a famosa cobertura do edifício Tom Delfim Moreira, lançado pela Gafisa a R$ 100 mil/m².

Pelos projetos da Mozak, alguns lotes devem receber projetos inteiramente do zero. Para tocá-los, a empresa negocia a participação de pelo menos três arquitetos renomados:  Marcio Kogan, Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen, que não vão se concentrar apenas no projeto arquitetônico, mas também no design, paisagismo, luminotécnica, ambiência e hospitalidade. Este ponto foi tomado de empréstimo da hotelaria.

“Vamos mediar o relacionamento com arquitetos e artistas para criar um desfile de arquitetura no terreno. A ideia é que o cliente tenha a oportunidade de co-criar e fazer arte junto com esses profissionais – é algo que diverte muito o altíssimo padrão. O comprador ideal é quem quer se divertir e ter esse tipo de experiência,” disse Isaac Elehep.

Há anos, o Leblon bate tabelinha com Ipanema se alternando na liderança do metro quadrado mais caro do Brasil, por ser pequeno, ter pouca oferta de terrenos, além de muito cobiçado pela altíssima renda, que gosta do estilo de ir trabalhar de bicicleta e frequentar a pé os mais badalados restaurantes. O CEO da Mozak destaca que, apesar dos diferenciais, o título de mais valorizado do bairro vinha sendo ameaçado por bairros de São Paulo (SP) e Balneário Camboriú (SC), embora haja controvérsias sobre a forma de medir os valores de metro quadrado.

“Todas as cidades reajustaram os preços de venda depois da inflação pós-pandemia – aqui, no Rio de Janeiro, isso tem acontecido apenas recentemente. O negócio que acabamos de assinar é parte desse movimento do Leblon voltando a ser o Leblon em termos de preço,” pontou Elehep, adiantando que a velha mansão pode até vir a integrar o portfólio de retrofit da marca, se alguém se apaixonar por ela.

O imóvel, em estilo colonial sul-africano, estará, inclusive, disponível em um dos lotes que a construtora pretende colocar à venda. Quem comprar o lote decidirá se ficará com a casa ou se criará outro projeto. “A casa já está pronta e pode ser mantida nesse formato. Nunca vi uma biblioteca tão bonita,” comentou o empresário.

A construtora não pretende fazer um lançamento propriamente dito, dada a imensa exclusividade do condomínio. A Sergio Castro Ouro já busca compradores para as 10 ou 12 casas, segundo Ximenes. “A Mozak tem um esmero em suas construções, que já atrai automaticamente a melhor clientela. E nós temos 75 anos de tradição em amealhar e manter os melhores clientes para o que há de melhor no Rio; no Rio histórico, no Rio chique, no Rio que é tão memorável quanto neste terreno onde clientes queridos moraram, e tantos outros agora poderão vir morar”, dispara o vendedor, que garante já ter atendido 3 interessados. Se alguém duvidava…

“Somos uma metrópole de praia de alto padrão,” concluiu o presidente da construtora, que espera finalizar o ambicioso projeto em até dois anos e meio.


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