Estudo revela impactos da maternidade na carreira científica: mais do que óbvio, essencial para mudanças no sistema.




Artigo sobre diversidade na ciência

Artigo sobre diversidade na ciência: A importância de evidenciar o óbvio

No cenário acadêmico, a busca pela verdade é fundamental. Em uma recente discussão com um renomado cientista brasileiro, surgiu o questionamento sobre a relevância de um estudo sobre diversidade na ciência. Para ele, era um desperdício de recursos, pois as conclusões pareciam óbvias. No entanto, essa visão apenas reforça a necessidade de comprovar com dados concretos aquilo que parece evidente.

O debate sobre a maternidade na ciência é um exemplo claro disso. Mulheres que se tornam mães enfrentam desafios significativos em suas carreiras, com impactos na produtividade e nas oportunidades de progressão. Apesar de ser uma realidade conhecida por muitas, a resistência em reconhecer os dados que evidenciam esses impactos é notável.

A narrativa da meritocracia muitas vezes é utilizada para negar os obstáculos sistêmicos enfrentados por mulheres, como políticas de licença parental inadequadas e a falta de apoio institucional. Ignorar a importância de estudos que evidenciam essas desigualdades perpetua a injustiça existente no sistema acadêmico e científico.

É essencial investigar e comprovar o óbvio para informar políticas que possam mitigar as disparidades existentes. A pesquisa detalhada sobre os impactos da maternidade, do sexismo, do racismo e de outros preconceitos na academia é fundamental para promover mudanças significativas.

Portanto, ao confrontar a afirmação de que os impactos da maternidade na ciência são óbvios, é importante lembrar que o óbvio precisa ser provado para ser aceito e, por fim, mudado. Aceitar que há problemas na estrutura acadêmica e científica é o primeiro passo para buscar soluções que possam desafiar os privilégios estabelecidos.

Portanto, a pesquisa científica que evidencia aquilo que muitos consideram óbvio tem o poder de revelar falhas e injustiças no sistema, exigindo um compromisso real com a mudança. E, mesmo que possa incomodar, é essencial confrontar essas questões para promover uma ciência mais inclusiva e justa para todos.

Por Fernanda Staniscuaski, professora do Instituto de Biociências da UFRGS e coordenadora do Movimento Parent in Science.


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