Mulheres negras ressignificam identidade ao romper com padrões racistas e assumir cabelos naturais: um caminho de autoaceitação e liberdade.




Transformação capilar: um ato de liberdade e resistência

No cenário da moda, dos padrões de beleza e da autoestima, os cabelos crespos e cacheados sempre foram marginalizados e alvos de discriminação. Durante séculos, a sociedade impôs um ideal eurocentrado de beleza, que rejeitava a diversidade capilar, prejudicando a saúde e a identidade das mulheres negras.

Para a doutoranda em antropologia social, Rafaele Queiroz, o racismo impacta não apenas o acesso a espaços e oportunidades, mas também a saúde mental e a autoestima. Ao romper com esses padrões opressores, as mulheres negras têm fortalecido sua identidade e descoberto a liberdade de expressarem quem realmente são.

Verônica Brito, aos 33 anos, compartilhou sua jornada de transformação capilar, desde a adolescência até a descoberta de sua verdadeira identidade. Após anos de alisamento e apliques, Verônica decidiu raspar a cabeça e abraçar seus cabelos naturais, o que a trouxe uma sensação de liberdade e empoderamento.

Outra história inspiradora é a de Valéria Mazio Costa, que após três décadas alisando os fios, decidiu dar uma chance aos cachos naturais. A transição capilar trouxe não apenas uma nova estética, mas também um fortalecimento da autoestima e uma conexão com suas raízes e identidade racial.

A jornalista Juliana Gonçalves dos Santos se viu influenciada pela história de sua mãe para iniciar sua própria transição capilar. Ao abraçar seus fios naturais, Juliana descobriu um novo sentido de liberdade e autoaceitação, inspirando-se na diversidade e na beleza dos cabelos crespos.

Elaine Cristina de Andrade, através de suas habilidades com tranças e penteados afro, estimula a autoestima de outras mulheres negras, mostrando a diversidade e a beleza dos cabelos naturais.

Independente de optarem por cabelos crespos, cacheados, alisados ou trançados, o importante é a liberdade de escolha e a aceitação de si mesma. Como destaca Rafaele Queiroz, da Universidade Federal do Amazonas, a diversidade capilar é uma forma de resistência e empoderamento para as mulheres negras.

Este artigo faz parte da iniciativa Todas, onde a Folha presenteia mulheres com três meses de assinatura digital gratuita.


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