A secretária de Assuntos Internacionais do Ministério da Fazenda, embaixadora Tatiana Rosito, está liderando a Trilha de Finanças do G20 e tem conduzido as pré-negociações com representantes dos ministérios e bancos centrais. O encontro começou na segunda-feira e está se estendendo para além do previsto, com a possibilidade de horas extras para as discussões.
As delegações presentes estão buscando um consenso para que uma declaração possa ser encaminhada às autoridades que se reunirão no fim da semana. Tatiana Rosito fez uma breve apresentação sobre o progresso das conversas na noite de terça-feira, destacando que o grupo planeja fazer três declarações formais.
Uma dessas declarações será exclusiva sobre a cooperação tributária internacional, incluindo a taxação de grandes fortunas. A segunda abordará temas como atuação de bancos multilaterais, arquitetura financeira internacional, fluxo de capitais e clima. Já a terceira declaração terá uma abordagem mais voltada para perspectivas geopolíticas.
A embaixadora brasileira demonstrou confiança de que as declarações serão emitidas, enfatizando a importância de dar projeção à centralidade que a taxação dos super-ricos tem para a presidência brasileira no G20. A proposta de taxação dos super-ricos tem sido uma prioridade destacada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Segundo cálculos do economista Gabriel Zucman, a taxação dos super-ricos poderia afetar cerca de 3 mil indivíduos em todo o mundo e gerar uma arrecadação potencial de aproximadamente US$ 250 bilhões por ano. A presidência brasileira do G20 tem buscado construir consensos em todos os temas abordados, com o objetivo de garantir a emissão das declarações.
Além disso, a presidência brasileira adotou uma estratégia de emitir declarações separadas para temas sensíveis, como forma de contornar divergências e permitir que as discussões avancem. A iniciativa tem sido vista como uma solução diplomática para garantir que questões geopolíticas não impeçam a emissão de declarações conjuntas.
Por fim, a presidência brasileira do G20 tem buscado engajar grupos da sociedade civil e organizações de forma inédita, permitindo que suas demandas sejam consideradas e discutidas pelos ministros e líderes mundiais. A experiência tem sido vista de forma positiva, proporcionando uma discussão rica e diversificada sobre os temas em pauta no G20.