Descobertas científicas revelam impacto do aumento das temperaturas oceânicas na evolução dos tubarões

Uma pesquisa recente publicada na revista Current Biology trouxe à tona informações fascinantes sobre a evolução dos tubarões ao longo de mais de 100 milhões de anos. Cientistas afirmam que as altas temperaturas oceânicas no passado distante influenciaram diretamente o crescimento e a capacidade de natação desses predadores marinhos.

Segundo o estudo, aproximadamente 122 milhões de anos atrás, um período de aquecimento intenso dos oceanos levou alguns tubarões a abandonar seus habitats no fundo do mar e migrar para águas abertas. Essa mudança significativa impactou a estrutura das barbatanas e o tamanho dos corpos desses animais, tornando-os mais eficientes na natação e no desenvolvimento de suas habilidades predatórias.

Os pesquisadores mediram o tamanho das barbatanas e os comprimentos dos corpos de 500 tubarões de espécies extintas e existentes, comparando esses dados com a árvore evolutiva da família dos tubarões. Eles descobriram que as condições ambientais do passado foram determinantes para a evolução desses animais.

O professor Lars Schmitz, coautor do estudo, explicou que os tubarões que habitavam águas abertas desenvolveram nadadeiras peitorais alongadas, que os ajudavam a nadar de forma mais eficiente. Por outro lado, os tubarões que viviam no fundo do mar tinham nadadeiras mais curtas, adequadas para sua forma de locomoção.

Além das mudanças nas nadadeiras, a temperatura mais elevada da superfície oceânica no período Cretáceo, em torno de 28ºC, pode ter influenciado a velocidade dos tubarões. Timothy Higham, outro pesquisador envolvido no estudo, ressaltou que o aquecimento muscular dos animais em ambientes mais quentes resultava em movimentos mais rápidos e ágeis, oferecendo vantagens competitivas na caça e evitando predadores.

Os cientistas levantaram a questão se os tubarões atuais poderiam passar por mudanças semelhantes devido ao aumento das temperaturas oceânicas causado pelo aquecimento global. No entanto, alertaram que as rápidas alterações climáticas atuais podem representar um risco maior para essas criaturas, com possíveis consequências negativas em seu ambiente natural.

Diante desse cenário, a comunidade científica reforça a importância de compreender o impacto das mudanças climáticas nos ecossistemas marinhos e na evolução das espécies, destacando a necessidade de ações para preservar a biodiversidade e garantir a sobrevivência dos tubarões e de outros animais marinhos ameaçados.