Memórias de Lugares: Um Olhar Nostálgico sobre a Casa de Infância
A noite passada foi marcada por um sonho nostálgico, onde revivi os tempos em que morei dos 20 aos 24 anos em um sobrado na rua Mateus Grou, numa vila entre as ruas Cardeal e Teodoro. A casa, que parecia viva em minha memória, trouxe à tona sensações e lembranças há muito guardadas. Desde o portão elétrico sempre com problemas até o cheiro úmido das malas guardadas no socavão, cada detalhe parecia ainda presente em meu subconsciente.
Costumo evitar falar sobre sonhos, pois acredito que eles são pessoais e difíceis de serem compartilhados. Porém, esse sonho específico me fez refletir sobre como lidamos com a perda de lugares em nossas vidas. Enquanto temos rituais e datas para homenagear nossos entes queridos, muitas vezes negligenciamos a importância dos locais que habitamos.
Se por um lado reverenciamos os mortos e celebramos datas históricas com fervor, por outro, esquecemos de honrar as casas, chácaras e apartamentos que foram cenários de momentos importantes em nossas vidas. A separação de um lar muitas vezes passa despercebida, sem lágrimas ou lembranças. Deveríamos, então, dedicar um espaço em cada casa que habitamos para lembrar de onde viemos e como esses lugares moldaram nossa história.
Não sou adepto da nostalgia em excesso, mas reconheço que os lugares que habitamos deixam marcas em nossa alma. Enquanto observo o apartamento vazio durante a mudança, percebo que as memórias ali vividas são únicas e pessoais, guardadas apenas por mim. Ao descer no elevador de serviço e entregar a chave ao Adenilson, sinto que uma parte de mim fica para trás, presa nas paredes e nos móveis que agora já não me pertencem.
Ao final, compreendo que devemos valorizar não apenas as pessoas e datas importantes em nossas vidas, mas também os lugares que nos acolheram e nos viram crescer. Cada casa, cada rua, carrega um pedaço de nossa história, e é nosso dever honrar e lembrar desses locais, mesmo quando o tempo e a distância os transformam em meras lembranças.
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