Na manhã chuvosa de Salvador, Ana Sueli Sousa, 50 anos, prepara um café e um bolo de milho, preservando a tradição junina de assar o bolo dentro da palha. Enquanto a vida continua na casa alugada onde mora há sete meses, a ausência de fotografias nas paredes revela o vazio deixado pela antiga residência no bairro do Tororó.
A perda de um filho é o sofrimento mais profundo para uma mãe, e Ana Sueli viveu essa dor duas vezes em menos de um ano. Primeiro, em fevereiro de 2022, Patrick Souza Sapucaia, 16, foi morto durante uma operação policial na comunidade pesqueira da Gamboa. Mais tarde, em uma disputa entre traficantes, Pierre Sousa Sapucaia, 26, também foi assassinado no bairro do Tororó.
Essas tragédias refletem a realidade de uma Salvador sitiada pela violência, com facções criminosas em conflito e altos índices de letalidade policial. Enquanto a cidade se prepara para as eleições municipais, o tema da segurança pública ganha destaque no debate eleitoral.
A violência impacta em diversos aspectos da vida dos moradores, desde a segurança no transporte público até a suspensão de aulas em escolas. A falta de investimento em educação, emprego e lazer contribui para a vulnerabilidade dos jovens, que muitas vezes são atraídos pelo tráfico de drogas como única alternativa de sobrevivência.
Diante desse cenário, os pré-candidatos à prefeitura de Salvador apresentam propostas para a segurança pública. Bruno Reis (União Brasil) destaca a intensificação das ações em curso e a elaboração de um Plano Municipal de Segurança. Geraldo Júnior (MDB) prioriza a participação efetiva do município na promoção da paz e prevenção da violência. Já Kleber Rosa (PSOL) propõe criar um Sistema Municipal de Segurança Pública associado aos direitos humanos e à cultura de paz.
Enquanto a cidade busca soluções para conter a violência, Ana Sueli decide deixar Salvador em busca de uma vida mais tranquila no interior. A dor da perda de seus filhos, no entanto, permanecerá marcada em seu coração para sempre.
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