Anúncios políticos continuam circulando no Google Brasil mesmo após proibição, mostra pesquisa da UFRJ





Publicidade eleitoral ainda circula no Google mesmo após proibição de anúncios políticos

Apesar do anúncio feito pelo Google de que não permitiria mais anúncios políticos no Brasil a partir de 1º de maio, a publicidade eleitoral continua sendo comercializada e circulando na plataforma.

Um levantamento realizado pelo NetLab da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) identificou que pelo menos sete pré-candidatos a vereador e prefeito compraram ou veicularam anúncios de cunho político ou eleitoral nos resultados de busca do Google e no YouTube até a semana passada.

Essa contradição ocorre pois o Google havia afirmado que não permitiria mais esse tipo de anúncio devido às novas regras estabelecidas pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). No entanto, as plataformas continuam exibindo esses anúncios sem classificá-los corretamente.

Enquanto isso, a Meta, empresa dona do Facebook e Instagram, mantém um repositório de anúncios conforme as diretrizes do TSE.

A resolução do TSE define como anúncios políticos e eleitorais aqueles que se relacionam a pessoas detentoras de cargos eleitos ou candidaturas, propostas de governo, projetos de lei e outros temas ligados ao processo eleitoral. As empresas devem manter um repositório com informações detalhadas sobre esses anúncios, algo que o Google deixou de fazer desde maio.

Os pré-candidatos identificados pelo NetLab passaram por um processo de verificação pelo Google e possuem histórico de veiculação de publicidade política nas plataformas da empresa. Em seus anúncios, abordam propostas políticas para a corrida eleitoral, de acordo com a resolução do TSE.

Um dos pré-candidatos, Alexandre Braga dos Santos, veiculou diversos anúncios nas plataformas do Google após a proibição da empresa. Em um dos anúncios, ele promete a construção de um hospital para a cidade de Senador Canedo, em Goiás. Enquanto outro vídeo mostra suas propostas para uma bolsa de estudos municipal.

O pré-candidato a vereador Rafael Ottaiano também veiculou anúncios relacionados à sua campanha, abordando temas como a questão do lixo na cidade de Vitória e propostas para melhorar o trânsito local.

Apesar de não violarem as regras eleitorais, esses pré-candidatos estão veiculando anúncios durante a pré-campanha eleitoral, sem pedidos explícitos de votos.

Na visão de Marie Santini, diretora do NetLab, o Google deveria implementar mecanismos de transparência para a publicidade política no Brasil, conforme exigido pelo TSE, a fim de garantir a integridade das eleições no país.

Procurado, o Google reiterou seu compromisso de não permitir conteúdo político-eleitoral em seus anúncios no Brasil e afirmou que está agindo sobre os vídeos que violam suas políticas identificados no relatório.

Apesar das medidas adotadas pelo Google, ainda há falta de transparência em relação aos anúncios políticos veiculados por anunciantes não verificados, o que levanta questões sobre a integridade do processo eleitoral.

Enquanto isso, na União Europeia, todos os anunciantes, verificados ou não, são listados no relatório de transparência do Google, o que evidencia a necessidade de maior transparência nas práticas publicitárias no Brasil.


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