Servidora pública denuncia abordagem racista em conferência de igualdade racial e registra ocorrência na Decradi.






Reportagem

Eles ficaram me cercando por um bom tempo, me olhando, comparando com a foto do celular e lendo meu crachá. Me abordaram antes chamando o nome da suspeita por duas vezes, para checar minha reação. Depois me chamaram e comunicaram que eu havia sido reconhecida no sistema de reconhecimento facial e que, embora já tivessem visto que não era eu, eu precisaria apresentar o documento de identificação”, continua a servidora pública.

Foi então que ela argumentou com os agentes que estava sofrendo racismo dentro de uma conferência de igualdade racial. A psicóloga ainda pontuou sobre seus direitos e a recorrência da polícia confundir negros com criminosos e suspeitos.

Racismo é crime no Brasil e já foi comprovado que essas câmeras não reconhecem bem os nossos corpos. Que não cabia a mim ter que provar que não sou eu, que cabia ao profissional estar melhor preparado.
Daiane de Souza Mello

Após toda a situação, ela registrou a ocorrência na Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância)
e deu entrada na Defensoria Pública para o acompanhamento do caso. Daiane conta que teme que isso possa acontecer novamente, pois não se sabe o que é feito das imagens capturadas por esse sistema, nem como acontece a atualização da base de dados.

“Me pergunto como seria se eu estivesse em uma rua sozinha”. “Como será com outras pessoas negras, sobretudo, homens negros já vistos como ameaça? Esse sistema é um risco à nossa segurança e ao direito de ir e vir”, diz a servidora.

O que dizem as autoridades

Em nota, a Polícia Civil confirmou que o caso foi registrado na Decradi e está em andamento. Imagens feitas no dia do evento mostram um grupo de pessoas em volta de Daiane questionando a abordagem dos policiais. A vítima também questiona que a mulher foragida não tem qualquer semelhança com ela.


Conferência de igualdade racial termina em abuso policial

A servidora pública Daiane de Souza Mello viveu momentos de constrangimento e discriminação durante uma conferência sobre igualdade racial. A situação começou quando foi abordada por agentes que a cercaram, olharam sua foto no celular, compararam com seu crachá e a chamaram pelo nome de uma suspeita duas vezes para verificar sua reação. Mesmo após perceberem o engano no reconhecimento facial, exigiram que ela apresentasse documento de identificação, conforme relatado por Daiane.

A psicóloga não se calou diante do ocorrido e afirmou estar sofrendo racismo dentro do evento. Ela destacou a recorrência da polícia em confundir negros com criminosos e suspeitos, ressaltando que o racismo é crime no Brasil. Daiane enfatizou a importância de os profissionais estarem melhor preparados e questionou o uso de sistemas que não reconhecem corretamente os corpos negros.

Após a abordagem humilhante, Daiane registrou o incidente na Decradi e buscou apoio da Defensoria Pública. Ela expressou seu receio de que situações semelhantes ocorram novamente, ressaltando a falta de transparência sobre o armazenamento e atualização das imagens capturadas pelos sistemas de reconhecimento facial.

A servidora destaca a preocupação com a segurança e liberdade de ir e vir dos negros, especialmente dos homens, frequentemente estigmatizados como ameaças. Ela questiona o risco que esses sistemas representam para a comunidade negra e pede por medidas que garantam a não violação dos direitos individuais.

Posicionamento das autoridades

Em resposta, a Polícia Civil confirmou o registro do caso na Decradi e afirmou que as investigações estão em andamento. Imagens do incidente mostram o desconforto de Daiane diante da situação, com pessoas questionando a abordagem dos policiais. A vítima também ressalta a falta de semelhança com a mulher foragida originalmente suspeita, evidenciando falhas nos sistemas de reconhecimento facial.

A polêmica levanta debates sobre o uso dessas tecnologias e a necessidade de garantir a sua precisão e respeito aos direitos fundamentais dos cidadãos, sem discriminação ou violação da privacidade. É fundamental que casos como o de Daiane sirvam de alerta para a implementação de medidas que evitem abusos e injustiças baseadas em preconceitos raciais.

Sair da versão mobile