O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, foi obrigado a recuar em seu posicionamento após uma movimentação surpreendente dos ruralistas, que anunciaram voto contrário a ele. A reviravolta teve início quando os deputados ligados ao agronegócio receberam apoio do PL, maior bancada da Casa, que apresentou o destaque para a isenção de impostos sobre a carne.
O deputado Pedro Lupion, presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, estimou que teria ao menos 400 votos a favor do destaque, mesmo sem o apoio de Lira. A votação contou com 447 votos favoráveis à inclusão da carne na lista de produtos isentos de impostos, demonstrando a força dos ruralistas e do partido PL.
Os defensores do agronegócio argumentaram que a carne é um produto essencial para a população brasileira. Além disso, o considerável poder financeiro dos empresários do setor e sua capacidade de lobby foram fatores determinantes na pressão exercida sobre Arthur Lira.
Fontes ouvidas pelo UOL revelaram que Lira recuou para evitar uma rara derrota pessoal. O presidente da Câmara, que está em seu segundo mandato, costuma escolher em qual lado sairá vencedor nas negociações.
Além do receio de uma derrota pessoal, Lira foi convencido por uma alteração no texto feita pelo relator Reginaldo Lopes (PT-MG). A modificação incluiu uma trava que impede o aumento da alíquota padrão e permite ao governo enviar um projeto de lei complementar caso a alíquota seja ultrapassada.
Após a votação, alguns discursos de agradecimento a Lira foram proferidos em reconhecimento à sua articulação durante o processo que culminou na inclusão das proteínas na cesta básica sem impostos.