Frente Republicana: Estratégia de união das esquerdas e centristas resulta em vitória e desafia extrema-direita na França

A Dissolução da Assembleia Francesa e as Estratégias Políticas

A dissolução da Assembleia, vejam que coisa!, serviu claramente como um chamamento. E não estou aqui a adivinhar motivações porque há os fatos. Já chego lá. Um movimento foi a união das esquerdas. E o outro se se deu no segundo turno, aí com a chamada “Frente Republicana”, que uniu esquerdistas e centristas numa estratégia para isolar a extrema-direita.

Na França, a exemplo do Reino Unido, há o sistema distrital puro. Os deputados são eleitos em votações majoritárias nos distritos. Quem obtiver maioria absoluta, consagra-se no primeiro turno. Ou então disputa o segundo desde que obtenha um mínimo de 12%. Ocupa uma cadeia na Assembleia o mais votado.

As esquerdas e centro/centro-direita de Macron fizeram um acordo eleitoral. Pelo menos 220 candidatos desses dois grupos retiraram suas respectivas candidaturas para impedir que o mais votado fosse um nome do Reunião Nacional. A estratégia resultou vitoriosa. Decepcionado, o “potro” chamou a tática de “aliança da desonra”, acusando Macron de entregar o país nas mãos da extrema-esquerda. Compreendo. Para quem já havia encomendado o termo, deve ter sido uma decepção e tanto.

Convenham: a “porra-louquice” de Macron acordou parte da França para o risco. Sim, a extrema-direita cresceu, a exemplo do que se vê mundo afora. Mas é como se Macron tivesse alertado: “Ou a Frente Republicana entra novo em ação, ou eles chegam lá”. Por enquanto, não chegaram. Para quem falava em fazer até 289 cadeiras, as 143 parecem mixas, ainda que representem um crescimento expressivo.

E AGORA?
Afastado o perigo maior, os problemas estão apenas no começo. A esquerda, que obteve mais votos, mas longe da maioria, reivindica o governo. Será de que modo? A chamada Quinta República já assistiu três vezes ao chamado regime de coabitação: o presidente de um partido com um primeiro-ministro de legenda adversária. Aconteceu com Francois Mitterrand, do Partido Socialista, entre 1986 e 1988, tendo o gaullista Jacques Chirac como primeiro-ministro, e depois entre 1993 e 1995, com o neogaullista Edouard Balladur. Entre 1995 e 2002, foi a vez de Chirac, aí na Presidência, ter de conviver com o socialista Lionel Jospin.

Vamos ver. A França demonstrou que pode se mobilizar contra o risco representado pela extrema-direita. Se Macron e o futuro governo conseguirem pacificar o país, bem… Os neofascistas continuam a ser uma ameaça. Marina Le Pen diz que houve apenas um adiamento da chegada da RN ao poder. Ela é candidata à Presidência em 2027.

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