Política de combate às drogas em São Paulo gera aumento de internações involuntárias na cracolândia, denunciam agressões em unidades de saúde.





Disparo de Internações Involuntárias em São Paulo

Disparo de Internações Involuntárias de Usuários de Drogas em São Paulo

Por João Silva

Publicado em 15 de julho de 2024

Recentemente, dados alarmantes indicam um aumento significativo nas internações involuntárias de usuários de drogas na cidade de São Paulo, após a mudança na política de combate ao entorpecimento implementada pela gestão Tarcísio de Freitas, do partido Republicano, há um ano. Registrou-se um crescimento expressivo nas hospitalizações involuntárias em unidades de saúde que atendem à cracolândia, localizada no centro da capital paulista.

Antes da mudança na abordagem do governo estadual, as internações involuntárias eram pouco comuns. No entanto, desde a alteração para priorizar leitos psiquiátricos em detrimento do tratamento ambulatorial, o número de casos desse tipo saltou para pelo menos 418 hospitalizações involuntárias.

Os registros mais recentes demonstram que, em comparação a 2023, houve um aumento significativo no número de internações involuntárias de 11 para 31 em junho deste ano, sendo que, em maio, foram reportados 58 casos ao Ministério Público.

As internações involuntárias são distintas das voluntárias, pois ocorrem quando o paciente não é capaz de decidir sobre seu tratamento devido ao seu estado de intoxicação, representando um risco para si mesmo. Geralmente, o pedido de internação é feito por um familiar, pessoa próxima ou um agente de saúde, com a necessidade de um laudo assinado por um psiquiatra e informado às autoridades em até 72 horas.

O antigo Cratod foi convertido em um Hub de Cuidados em Crack e outras Drogas, concentrando os atendimentos na cracolândia desde abril do ano passado. Dos mais de 19 mil atendimentos realizados, cerca de 5% resultaram em internações hospitalares, sendo 409 delas involuntárias, de acordo com a gestão Tarcísio.

Entretanto, denúncias de agressões contra os pacientes que frequentam o Hub têm preocupado ex-funcionários e profissionais de saúde. Alegações de violência física por parte da equipe de segurança foram relatadas, mesmo com a negação da direção do local.

Além disso, a questão do tempo de permanência dos dependentes químicos em hospitais psiquiátricos tem sido um dos pontos de debate. Estatísticas revelam que a média de permanência é de apenas 20 dias, bem abaixo dos 90 dias recomendados para completar o processo de desintoxicação, o que pode contribuir para a falta de eficácia no tratamento e a recorrência dos usuários às ruas.

Diante de tantas questões levantadas, tanto pelas internações involuntárias quanto pelas condições dos locais de tratamento, é fundamental uma abordagem cuidadosa e humanizada por parte das autoridades e profissionais de saúde, visando o bem-estar e a recuperação dos usuários de drogas em São Paulo.


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