André Mendonça declina convite de Mendes para evento em Portugal e gera cisão no Supremo, recomendando parcimônia aos membros do Judiciário




Artigo de Jornal

Decisão de André Mendonça causa polêmica no meio jurídico

Segundo interlocutores do ministro André Mendonça, ele declinou do convite de Mendes porque prefere comparecer a eventos mais restritos ao mundo acadêmico do direito. O ministro é professor na Universidade de Salamanca, uma das mais tradicionais da Espanha e onde ele fez seu doutorado.

A reação mais contundente veio de Edson Fachin. Apesar de não ter mencionado o evento diretamente, o ministro recomendou “parcimônia, comedimento e compostura” aos membros do Judiciário. “Abdicar dos limites é um convite para pular do abismo institucional”, disse Fachin em uma audiência realizada na última sexta-feira (28).

A cisão já tinha se instalado na Corte na semana passada, mas por outro motivo: a decisão de descriminalizar o porte de maconha para uso pessoal. Depois de um julgamento que deixou o plenário tenso, seis dos 11 ministros embarcaram rumo a Lisboa.

O evento de Mendes acabou provocando o encerramento antecipado do semestre de trabalho no Supremo, o que também gerou incômodo para alguns ministros. Na sexta-feira (28), o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgou a convocação de sessão extraordinária para segunda-feira (1º), quando boa parte dos ministros do STF e do STJ (Superior Tribunal de Justiça) já estavam em Portugal. O TSE é formado por três ministros do STF, dois do STJ e dois vindos da advocacia.

A presidente do TSE, Cármen Lúcia, que também integra o STF, tem recomendado aos colegas que atuem presencialmente no período preparatório para as eleições municipais de outubro. André Mendonça e Kassio Nunes Marques, que são das duas Cortes, participaram presencialmente da sessão de ontem. Na turma que não quis ir a Lisboa estão Mendonça, Nunes Marques, Fachin, Cármen Lúcia e Luiz Fux.

Parte desse grupo colaborou com as discussões acirradas durante o julgamento sobre descriminalização do porte de maconha. Fux e Mendonça foram os que mais externaram incômodo com o fato de o STF regulamentar o uso de drogas —um tema que, em tese, seria atribuição do Congresso Nacional. Mendonça chegou a bater boca com o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, durante o julgamento e afirmou que a Corte estava “passando por cima do legislador”.


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