A Política Industrial em Perspectiva

A política industrial está cada vez mais se tornando um poderoso motivador para a intervenção governamental em economias ao redor do mundo. Esse fenômeno é particularmente evidente na China de Xi Jinping, que busca transformar seu motor de crescimento econômico do investimento em imóveis para outras áreas.

Nos Estados Unidos, a mudança para uma abordagem mais intervencionista também é notável. Enquanto Ronald Reagan enfatizava a desconfiança em relação à intervenção do governo, o governo Biden e mesmo a administração Trump têm adotado medidas mais proativas. Essa mudança é significativa, considerando o histórico do país como defensor da economia global aberta.

O aumento do interesse e da prática em política industrial é evidenciado por estudos recentes. O relatório “The Return of Industrial Policy in Data”, do FMI, destaca o crescimento das menções a política industrial no jornalismo econômico ao longo da última década. Além disso, um artigo publicado pelo National Bureau of Economic Research aponta para um aumento substancial nas intervenções de política industrial em todo o mundo.

Os economistas reconhecem três argumentos válidos para tais intervenções: externalidades, falhas de coordenação e provisão de bens públicos. No entanto, é importante ressaltar que esses argumentos não justificam o protecionismo, que é uma abordagem menos eficaz para atingir objetivos de política industrial.

Embora as políticas industriais possam ser bem-sucedidas, há riscos consideráveis envolvidos. O fracasso na seleção de vencedores, a captura por interesses especiais e as possíveis retaliações internacionais são desafios a serem enfrentados. A intervenção governamental deve ser estratégica e considerar o impacto em escala global.

No cenário atual, a política industrial dos EUA, liderada pelo governo Biden, desperta debate. A necessidade de uma abordagem mais estratégica e de considerações internacionais é fundamental, especialmente em relação à China e às regras comerciais internacionais.

A transição para uma era de políticas mais nacionalistas e intervencionistas levanta questões sobre o futuro da ordem comercial internacional e a cooperação econômica. O desafio para os formuladores de políticas é encontrar um equilíbrio entre os objetivos domésticos e as repercussões globais.

Em um momento de mudança de paradigmas, é crucial adotar abordagens racionais e cuidadosas para evitar consequências negativas. A política industrial pode ser uma ferramenta poderosa para impulsionar o desenvolvimento econômico, desde que aplicada de maneira estratégica e responsável.