Crise no partido Republicano da França
A sugestão de uma aliança entre o partido conservador Republicanos e o ultradireitista Reunião Nacional (RN) na França está causando uma profunda crise na legenda fundada pelo ex-presidente Nicolas Sarkozy, além de complicar as negociações no campo da direita.
O atual líder da sigla, Eric Ciotti, defendeu que um acordo com os radicais era indispensável para evitar que a esquerda conquiste maioria na Assembleia Nacional. A dissolução da composição atual da Casa pelo presidente Emmanuel Macron, após a vitória avassaladora do RN nas eleições do Parlamento Europeu, motivou a proposta controversa de Ciotti.
“Uma aliança com o RN, com seus candidatos. Uma aliança à direita, com todos que têm ideias e valores de direita”, afirmou Ciotti em entrevista ao canal TF1. No entanto, a reação negativa de membros do próprio partido indicou que a estratégia enfrentará desafios durante a curta campanha eleitoral.
Nomes importantes do partido, como Valérie Pécresse, candidata à Presidência em 2022, e Gérard Larcher, presidente do Senado, criticaram veementemente a sugestão de aliança com o RN, pedindo a renúncia de Ciotti à presidência da legenda.
O presidente do RN, Jordan Bardella, manifestou apoio a deputados dos Republicanos nas eleições legislativas, sem detalhar as negociações em curso. Uma reunião do partido Republicano está agendada para esta quarta-feira (12).
Enquanto isso, o RN enfrenta o desafio de equilibrar seus valores de extrema-direita com uma tentativa de moderar a sua imagem. O líder do partido defendeu que as declarações agressivas de Eric Zemmour durante a campanha europeia dificultam qualquer possibilidade de acordo.
No campo da esquerda, uma coalizão denominada “frente popular” foi formada como resposta aos resultados das eleições europeias. Partidos como o Partido Socialista, França Insubmissa, Partido Comunista e os ecologistas concordaram em unificar o apoio a um único candidato por distrito eleitoral.
Diante desse cenário político conturbado, o presidente Emmanuel Macron descartou renunciar independentemente dos resultados das eleições legislativas. O governo, composto por ministros de centro-direita, busca evitar um extremismo político e propõe uma “frente republicana” como alternativa.
A entrevista coletiva do presidente Macron, marcada para o meio-dia desta quarta-feira, pode trazer mais esclarecimentos sobre o futuro político da França diante das alianças e crises no campo da direita e esquerda.