Nunes costura apoio do bolsonarismo para reeleição, buscando transferência de votos sem associação à ultradireita e seus riscos para democracia.



Nunes costura apoio do bolsonarismo à sua campanha pela reeleição

Nunes não é de ultradireita. Mas costura o apoio do bolsonarismo à sua campanha pela reeleição – o seu principal adversário, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) é apadrinhado pelo presidente Lula (PT). Quer os votos que podem ser transferidos por Jair Bolsonaro (PL), mas não sua rejeição na capital – 61% não votariam nem que a vaca tussa em um nome do ex-presidente, segundo o Datafolha.

Nunes se reuniu, no mês passado, com Matteo Salvini, líder da ultradireita italiana, sem divulgar o encontro em sua agenda. Segundo o prefeito, isso ocorreu porque acompanhou o deputado estadual Tomé Abduch (Republicanos) em uma reunião com Salvini, que é vice-primeiro-ministro.

Na entrevista à Antonio Tabet, o prefeito disse que “apoio é algo importante desde que não coloque em riscos os seus valores e princípios”. Abraçar a ultradireita, contudo, é exatamente isso.

Neste momento, ele busca o apoio de uma pessoa e um grupo que vêm sendo investigado pela Polícia Federal por atentar contra o Estado democrático de direito, planejando um golpe após perder as eleições de 2022. Um grupo cujos seguidores atacaram e depredaram o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023.

Esse grupo difundiu mentiras e tentou minar o sistema eleitoral, um dos pilares de qualquer regime democrático – seu líder, Jair, foi condenado no Tribunal Superior Eleitoral e se tornou inelegível por causa disso, inclusive.

O problema é que, com o passar o tempo, muita gente vai esquecendo o que houve, até normalizando. O esquecimento deliberado é, em si, uma ação contra a própria democracia.


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