Descaso e abandono: Atrasos nos trens da Supervia geram revolta entre passageiros de Santa Cruz e Japeri no Rio de Janeiro.




Descaso, abandono e atraso: a situação dos trens da Supervia

20240603 083334 Descaso, abandono e atraso: a situação dos trens da Supervia
Trem da Supervia do ramal Santa Cruz, com janelas quebradas e com pedaços de plástico protegendo. Reprodução: Gabriella Lourenço/ Diário do Rio.

A rotina dos passageiros da Supervia, operadora dos trens urbanos da região metropolitana do Rio de Janeiro, é marcada por atrasos, descaso e abandono. Nesta quarta-feira (05), os trabalhadores enfrentaram problemas nos trens dos ramais Santa Cruz e Japeri, com atrasos acumulados na estação de Austin, em Nova Iguaçu. Infelizmente, essa situação se repete com frequência.

Com uma malha ferroviária que inclui cinco ramais, três extensões e 104 estações, a concessionária atende doze municípios. De acordo com a AgetranSP, os trens da concessionária transportam, em média, 620 mil passageiros por dia útil. Apesar de uma tarifa de R$ 7,10, o que os passageiros enfrentam diariamente são filas intermináveis, atrasos frequentes, interrupções de serviço, sujeira nas plataformas, falta de acessibilidade para deficientes, superlotação e insegurança nas estações.

A falta de manutenção também é evidente nas composições, como lixos espalhados, bancos sem assentos, portas quebradas e até buracos no chão são cenas comuns. Nas redes sociais, a indignação dos passageiros é presente, os relatos de frustração e revolta se multiplicam.

“A Supervia é uma vergonha, pego trem uma vez na semana, nada melhora e nunca melhora, o tempo de intervalo é um absurdo. É uma vergonha de transporte”, comenta um usuário.

Bancos sem assentos já fazem parte do cotidiano dos trabalhadores. Reprodução: Gabriella Lourenço/ Diário do Rio.

Outro passageiro desabafa sobre a lotação e a presença de homens nos vagões femininos em horários de pico. “Isso é humilhante demais, todos estão atrasados, todos acordam cedo, todos têm família e contas a pagar. Não tem exclusividade no trem, para ter o serviço tem que estar operando perfeitamente, e isso não ocorre. Não é somente questão de educação, virou questão de necessidade. Todos precisam chegar no trabalho”, expõe.

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Vídeo feito por passageiro no ramal Santa Cruz. Reprodução: Internet.

Apesar dos investimentos anunciados para melhorar o serviço, muitos dos projetos foram abandonados pelo caminho. Em 2019, a concessionária ficou na última posição (170ª) do ranking EXAME/IBRC de atendimento ao consumidor, com uma pontuação de 31,80 de 100.

Para a Supervia, essa situação é apenas mais uma entre uma série de crises que se acumulam dia após dia. O faturamento bruto anual da concessionária em 2022 alcançou R$ 720.570,00, enquanto os custos com manutenção e conservação foram de R$ 44.145,00. No entanto, a realidade dos trens urbanos conta outra história, ou seja, o abandono, a insegurança e um serviço longe do ideal.

A situação dos trens é um reflexo de problemas estruturais e de gestão que impactam diretamente a vida de milhares de trabalhadores. A necessidade de melhorias é urgente, e a voz dos passageiros não pode continuar sendo ignorada.

A concessionária Supervia declarou que possui caixa suficiente para operar o sistema de trens da cidade por apenas mais dois meses. O Governo do Estado manifestou a intenção de assumir o serviço até o fim de junho, mas a transferência depende de uma decisão judicial.

A Justiça determinou que representantes do estado e da Supervia se reúnam no próximo dia 27, em mais uma tentativa de regularizar os serviços de trem. O governo estadual reiterou que não irá liberar recursos financeiros para a concessionária. O juiz nomeou uma perícia independente para avaliar a situação financeira da empresa e apresentar um plano alternativo para garantir a continuidade do serviço.

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