A administração estatal tradicional gerou uma enorme e lenta máquina, focada no controle dos meios, dos processos, dos carimbos e das formalidades. Por outro lado, a administração gerencial procura jogar luz sobre os resultados para a população. Com esse artigo, encerro a série em defesa dos modelos de gestão flexível.
É importante ressaltar que a questão não é nova e tampouco meramente ideológica. Gestões do PT, tanto na Bahia quanto no governo federal, já introduziram experiências de parcerias com o setor empresarial. Neste artigo, focamos exclusivamente em entidades sem fins lucrativos. Um exemplo é a prefeita de Contagem (MG), Marília Campos (PT), que adotou uma visão moderna de gestão ao criar um serviço social autônomo responsável pela gestão do Complexo Hospitalar e das UPAs.
De vez em quando, a discussão se contamina ideologicamente com a associação equivocada entre privatização e adoção de gestões flexíveis. Em outras ocasiões, o preconceito surge devido a casos isolados de corrupção e desvios envolvendo organizações sociais. É crucial ter cautela para não generalizar. A instituição em si não patrocina a corrupção; o que importa é a transparência e uma boa regulação.
O Instituto de Saúde e Gestão Hospital do Ceará chamou a atenção em 2004 com uma experiência interessante. Mesmo sendo um hospital 100% SUS, o cidadão, ao receber alta, levava consigo uma “conta” para entender o custo do seu tratamento para o governo. Isso ajudava a conscientizar a comunidade e a aprimorar o controle de custos do hospital, que hoje administra seis hospitais e seis UPAs.
O caso da Maternidade Therezinha de Jesus, reaberta em parceria com a Faculdade Suprema e gerida pela OS “HMTJ”, é outro exemplo positivo. Com atendimento 100% SUS, a maternidade conta com 311 leitos ativos, incluindo 60 de UTI e oito salas cirúrgicas, avançando nos atendimentos de alta complexidade. Os resultados, tanto quantitativos quanto qualitativos, foram satisfatórios graças à liberdade e agilidade na gestão proporcionadas pelo modelo flexível de gerenciamento.
Existem inúmeros casos de eficiência espalhados pelo Brasil, envolvendo filantrópicos, organizações sociais, serviços sociais autônomos e fundações de apoio. A gestão flexível se mostra mais adequada em estruturas novas, mas também é possível adaptar estruturas antigas, como demonstrado em exemplos do Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo.
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