Pesquisa revela que 94% dos municípios brasileiros não estão preparados para prevenção de tragédias climáticas, aponta Instituto Cidades Sustentáveis.

Pesquisa recente realizada pela organização social Instituto Cidades Sustentáveis (ICS) revelou dados alarmantes sobre a falta de preparo dos municípios brasileiros para lidar com tragédias climáticas. De acordo com o levantamento, 94% das cidades do país não possuem estratégias adequadas para a prevenção de eventos como enchentes, inundações e deslizamentos de encostas.

O estudo analisou se os municípios possuíam medidas preventivas em seus Planos Diretores e na Lei de Uso e Ocupação do Solo, bem como se contavam com leis específicas para o combate às tragédias climáticas, planos de redução de riscos, mapas de áreas vulneráveis, programas habitacionais para realocação da população em locais de risco e planos de contingência, entre outros dispositivos.

Os resultados foram obtidos a partir da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) de 2020, coordenada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é um questionário respondido pelos próprios municípios.

Um mapa elaborado pelo ICS classificou as cidades de acordo com a porcentagem de estratégias implementadas. Cidades com menos de 20% das estratégias foram destacadas em vermelho, aquelas com 20% a 49% em laranja, as que possuíam de 50% a 79% em amarelo e as cidades com mais de 80% em verde.

Resultados preocupantes foram encontrados no Rio Grande do Sul, onde o grande volume de chuvas recente resultou em inúmeras cidades submersas e mais de 600 mil pessoas deslocadas de suas residências, causando tragédias e mortes. A pesquisa revelou que a maioria das cidades gaúchas não possui nem sequer 20% das estratégias necessárias para lidar com tais situações.

Além disso, o ICS e o Instituto Ipec realizaram uma avaliação da percepção dos brasileiros sobre os principais problemas ambientais e ações municipais para enfrentar as mudanças climáticas. Segundo a pesquisa, a população acredita que as prefeituras têm condições de contribuir para o combate às mudanças climáticas, citando medidas como aumento e conservação de áreas verdes e controle do desmatamento como prioritárias.

Em relação aos problemas ambientais enfrentados nas cidades, o calor e o aumento da temperatura, a poluição do ar, a poluição dos rios e dos mares, e as enchentes foram os mais citados pelos entrevistados. Os resultados da pesquisa também foram segmentados por região, destacando que a poluição do ar foi mais mencionada no Sul e Sudeste, enquanto o calor e o aumento da temperatura foram destacados no Nordeste, Norte e Centro-Oeste do país.

Esses dados reforçam a urgência de políticas públicas eficazes para enfrentar as questões climáticas e a importância de um planejamento adequado para prevenir e lidar com tragédias naturais que afetam a população brasileira.