Teatro pós-migrante: o projeto premiado de Wagner Carvalho em Berlim transformando histórias não contadas em protagonismo cultural.

Wagner Carvalho: o brasileiro que transforma a cena teatral na Alemanha

Em 1992, Wagner Carvalho tomou uma decisão que mudaria sua vida: ele decidiu permanecer na Alemanha. Nos primeiros anos, ele equilibrava suas aulas de dança, canto e teatro com os estudos na Universidade Livre de Berlim. Foi em 2003 que ele deu um passo importante ao organizar o Brasil Move Berlim, o primeiro festival de dança contemporânea brasileira na cidade.

Seu envolvimento com o Ballhaus Naunynstrasse começou em 2009, quando passou a atuar como freelancer em um momento em que a casa era dirigida por Shermin Langhoff. Foi durante a gestão de Shermin que o conceito de teatro pós-migrante foi introduzido, um marco na cena cultural alemã que ainda ecoa nos dias de hoje.

“O teatro pós-migrante é uma plataforma para contar histórias que antes não tinham espaço, sob uma perspectiva não branca”, explica Wagner. “É uma forma de dar voz a narrativas que até então estavam silenciadas, como as histórias dos descendentes de imigrantes turcos, curdos, armênios, entre outros. É uma maneira de sair do papel de antagonista e assumir o protagonismo, mostrando que estamos no centro do palco contando nossas próprias histórias. Isso é transformador.”

Sob a liderança de Carvalho, o Ballhaus Naunynstrasse passou a focar em histórias principalmente negras e queers, em um movimento que desafia as estruturas tradicionais do teatro na Alemanha. Em um mercado predominantemente branco e masculino, Carvalho e a talentosa Julia Wissert se destacam como os únicos diretores negros no país, conforme reportagem do jornal Die Zeit.

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