Festival de Cannes 2022: Ano Feminino Resgata Temas Intrínsecos com Abordagem Empoderada e Reflexiva.




Reportagem – Festival de Cannes 2024

Festival de Cannes 2024: A Ascensão do Feminino

No cenário de apenas quatro diretoras mulheres na competição, o Festival de Cannes deste ano surpreendeu ao apresentar uma seleção de filmes que colocou em evidência questões intrinsecamente femininas. Dos 22 longas em disputa, metade abordou temas como aborto, feminicídio, violência doméstica, maternidade e objetificação do corpo.

A sensação de expurgo e mea culpa pairou sobre o evento, indicando uma nova era de conscientização. Os homens parecem ter começado a assimilar os males do patriarcado, o que resultou em uma safra de filmes responsáveis pelos melhores momentos da 77ª edição do festival.

Entre os destaques femininos, “Bird”, da britânica Andrea Arnold, e “All We Imagine as Light”, da indiana Payal Kapadia, exploraram o amadurecimento de mulheres que desafiam as normas sociais impostas. Já “The Substance”, da francesa Coralie Fargeat, trouxe Demi Moore em um papel reflexivo sobre a pressão estética imposta às mulheres, criticando a objetificação do corpo.

Na ala masculina, “Anora”, do americano Sean Baker, abordou a questão da culpabilização das mulheres em relacionamentos abusivos, enquanto “Emilia Perez”, do francês Jacques Audiard, refletiu sobre a transição de gênero como solução para a brutalidade patriarcal.

O cinema brasileiro também marcou presença com “Motel Destino”, de Karim Aïnouz, que abordou a violência doméstica. A diversidade de vozes femininas foi representada de maneira menos óbvia em diversos outros filmes, demonstrando um movimento crescente de empoderamento feminino na sétima arte.

Apesar da expectativa inicial em relação a diretores renomados como Francis Ford Coppola e David Cronenberg, a maioria dos filmes exibidos durante o evento foi considerada mediana. Porém, obras como “Bird” e “The Substance”, dirigidas por mulheres, se destacaram, mostrando o potencial das cineastas em abordar temáticas relevantes.

A presidente do júri, Greta Gerwig, teve um papel fundamental ao promover a diversidade e ao premiar Meryl Streep com a Palma de Ouro honorária por seu ativismo em prol das atrizes mais velhas em papéis de destaque. O curta “Moi Aussi”, que traduz o movimento MeToo para o francês, evidenciou o comprometimento do festival com a igualdade de gênero.

Diante da necessidade de mudanças na representatividade feminina no cinema, o Festival de Cannes demonstra estar atento às transformações sociais e políticas. A presença de vozes femininas e a abordagem de questões relevantes para as mulheres refletem um movimento progressista e engajado com a promoção da igualdade de gênero.


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