“Furiosa: Uma Saga Mad Max” de 2024 coloca a mulher em destaque, mas mantém perspectiva masculina na direção do filme iconicamente pós-apocalíptico.






Artigo Jornalístico: “Furiosa: Uma Saga Mad Max”

Uma Nova Perspectiva em “Furiosa: Uma Saga Mad Max”

No aguardado lançamento de “Furiosa: Uma Saga Mad Max” em 2024, os fãs da franquia foram apresentados a uma abordagem diferenciada: a história centrada em uma mulher, mas contada sob uma perspectiva masculina. Este contraste entre protagonismo feminino e direção masculina reflete um tema recorrente no cinema de ação.

Recentemente, produções como “Capitã Marvel”, “The Old Guard” e “A Mulher-Rei” têm mostrado um aumento na representatividade feminina, mas ainda é raro ver diretoras liderando grandes filmes de ação. O exemplo das irmãs Wachowski, que dirigiram a saga “Matrix” com enorme sucesso, destaca a importância de ter mulheres nas posições de poder criativo em filmes desse gênero.

Apesar do destaque e elogios à personagem Furiosa, interpretada por Charlize Theron em “Mad Max: Estrada da Fúria” (2015), no novo filme derivado, é o personagem antagonista vivido por Chris Hemsworth que acaba ganhando mais destaque. Essa disparidade revela a persistente sub-representação das mulheres no cinema, especialmente em funções técnicas.

Com a habilidade de construir mundos pós-apocalípticos, George Miller, diretor da franquia “Mad Max”, conduz a narrativa de “Furiosa: Uma Saga Mad Max” até o ponto inicial de “Estrada da Fúria”. No entanto, ao contextualizar a infância da protagonista e explorar sua jornada, o vilão interpretado por Hemsworth acaba recebendo mais atenção do que a própria Furiosa.

O roteiro do filme, escrito por Miller e Nick Lathouris, destaca a complexidade do vilão Dementus e sua conexão com o império de Immortan Joe. Esse foco no antagonista acaba desviando parte da atenção que deveria ser destinada à protagonista, criando uma narrativa desequilibrada em relação ao desenvolvimento de Furiosa.

A transição de interpretação de Furiosa de Theron para Anya Taylor-Joy é aguardada com grande expectativa, mas durante boa parte do filme, vemos a jovem atriz Alyla Browne assumindo o papel. Essa decisão narrativa, somada à ênfase no vilão, coloca a personagem de Taylor-Joy em segundo plano, o que é um ponto de crítica em relação ao desenvolvimento da trama.

É evidente que “Furiosa: Uma Saga Mad Max” poderia ter explorado de forma mais profunda a jornada da protagonista, especialmente levando em consideração o impacto que ela teve em “Estrada da Fúria”. A ausência de uma voz feminina na direção do filme talvez tenha contribuído para a falta de profundidade na abordagem da personagem.

Ao não permitir uma visão feminina na construção da história de Furiosa, George Miller perdeu a oportunidade de inovar e enriquecer o universo de Mad Max. A indústria cinematográfica ainda precisa percorrer um longo caminho para garantir que as narrativas femininas sejam contadas com a mesma força e relevância que as masculinas, especialmente em filmes de ação.


Sair da versão mobile