Uma amizade marcante: Lembranças de Roger Corman
Em um dia ensolarado no Rio de Janeiro, acelerei meu carro pelo Aterro do Flamengo com meu amigo americano, Roger Corman, ao meu lado. O vento bagunçava seus cabelos prateados enquanto ele expressava seu encantamento pela luz dourada da cidade maravilhosa. Roger queria explorar mais a cidade e, por isso, o levei até a Barra da Tijuca, onde desfrutamos de uma água de coco e conversamos sobre cinema.
Foi nesse momento que Roger decidiu se tornar o produtor do meu próximo filme, “A Filha de Drácula”. Prometi enviar o roteiro traduzido para ele antes de sua partida para os Estados Unidos. Essa parceria se concretizou no ano seguinte, com o lançamento de todos os meus filmes em vídeo no mercado americano, graças ao contato feito por Roger com o distribuidor Mike Vraney.
A notícia da morte de Roger Corman me deixou em luto, relembrando os quatro encontros que tivemos ao longo de três décadas. Nossa amizade peculiar e inspiradora foi fundamental para minha jornada artística e cinematográfica, especialmente quando iniciamos uma colaboração subversiva e underground na última década.
Em 1994, durante o Rio Cine Festival, tive a oportunidade de conhecer Roger Corman pessoalmente. Nosso primeiro passeio de carro pela cidade foi marcante, repleto de conversas sobre filmes e memórias do cinema. A extensa filmografia de Corman, incluindo clássicos como “Massacre de São Valentim” e “Homem dos Olhos de Raio-X”, sempre me fascinou e inspirou.
Nosso relacionamento evoluiu ao longo dos anos, com encontros em festivais de cinema e discussões sobre futuros projetos. Roger sempre foi visionário e otimista, sugerindo ideias criativas, como ambientar filmes na Floresta Amazônica, ideia que se concretizou em “Um Lobisomem na Amazônia”. Apesar dos desafios e obstáculos na produção cinematográfica brasileira, a amizade e apoio de Corman foram inestimáveis.
Nosso último contato foi emocionante, com Roger oferecendo palavras de consolo pela perda do meu cachorro, Olavo. Sua presença e apoio ao longo dos anos foram marcantes e significativos, especialmente quando ele se tornou ator em um dos meus filmes. Roger Corman deixou um legado indelével no cinema com suas produções e descobertas de talentos, e sua influência continuará a inspirar gerações futuras de cineastas.