Aí [ela] revelou pra gente que, na verdade, não se tratava de crianças, e sim, de armas. A gente ficou bem balançado. Ela nos persuadiu dizendo que o bem que faríamos para a sociedade seria mais relevante do que se nós fossemos resgatar pessoas e animais em si.
Nicolas Vedovatto, um dos voluntários, de 26 anos, em entrevista ao UOL
Ele diz que o grupo usou os próprios barcos. “Ela [funcionária da Taurus] pediu para guardarmos os celulares e não fazermos movimentos bruscos, porque estávamos entrando na linha de tiro dos snipers [que faziam a segurança da carga]. Fizemos o percurso até [área de] carga e descarga do aeroporto. Lá, nos deparamos com vários policiais. Começamos a fazer a logística das armas.”
Após a conclusão da missão, Vedovatto diz que descobriu todos os detalhes. “Depois da missão concluída, foi revelado que, na verdade, tudo era uma grande mentira, que bandidos já sabiam das cargas, que o aeroporto já estava sob intenção de ataque e que a inteligência da polícia já tinha interceptado grupos de WhatsApp. Isso aí nos deixou em choque. Foi negado o uso de colete de balas. Foi negado proteção. Eram civis no meio de uma situação… Fomos coagidos pela nossa boa intenção de salvar vidas”, concluiu.
Em nota, a Taurus diz desconhecer a participação de voluntários. Além de Vedovatto, o UOL conversou com outros dois envolvidos na ação. Os três dizem que pretendem processar a empresa.
“Nos desanimou completamente”
Ambos moram na cidade de Capão da Canoa, no litoral norte do Rio Grande do Sul. Nicolas Vedovatto, investidor de 26 anos, Igor Garcia, analista de sistemas, 26, e Isaac Freire Lopes, empresário no ramo metalúrgico, 25, são três amigos e foram para a capital no início do mês para ajudar os gaúchos castigados pelas enchentes.