Violência contra LGBTQIA+ no Rio de Janeiro: Estudo mostra medo de denunciar e arquivamento de casos pela polícia.

Uma pesquisa realizada com um grupo LGBTQIA+ na cidade do Rio de Janeiro revelou dados preocupantes sobre a violência enfrentada por essa população. De acordo com o estudo inédito feito pelo grupo Pela Vidda, a maioria dos entrevistados relatou ter sofrido algum tipo de violência, sendo a homofobia o tipo mais recorrente, seguido de violência psicológica e assédio sexual.

Apesar dos altos índices de violência relatados, a pesquisa também mostrou que muitas pessoas LGBTQIA+ têm receio de denunciar os crimes em delegacias, e quando o fazem, muitas vezes as ocorrências são arquivadas pelo Ministério Público. O estudo foi apresentado aos policiais civis da capital fluminense em celebração ao Dia Internacional Contra a LGBTfobia, que ocorreu no dia 17 de maio.

Segundo os dados levantados, apenas 25% dos entrevistados disseram ser muito provável recorrer à polícia em caso de LGBTfobia, enquanto 29,3% afirmaram que é muito improvável que façam a denúncia. Além disso, a pesquisa revelou que a maioria dos entrevistados considera que o efetivo policial não está preparado para atender a população LGBTQIA+, e que muitos policiais não levam as denúncias a sério.

O estudo contou com a participação de 515 pessoas LGBTQIA+, e foi realizado tanto online quanto em eventos voltados para essa população, como o Mutirão de Retificação de Nome/Gênero para pessoas trans e não binárias. Entre aqueles que buscaram delegacias para denunciar crimes de LGBTfobia, 28% tiveram a especificação do crime recusada e apenas 14% conseguiram registrar a ocorrência após insistência.

Diante desses dados alarmantes, a diretora do grupo Pela Vidda, a advogada Maria Eduarda Aguiar, ressaltou a importância de aplicar a legislação contra a LGBTfobia para combater essas práticas criminosas. Ela também destacou a baixa taxa de denúncias que se transformam em processos judiciais, o que demonstra a falta de confiança da população na efetividade da polícia e do Ministério Público em lidar com essas questões.

Para tentar melhorar o tratamento nas delegacias e encorajar as denúncias, o grupo Pela Vidda apresentará formalmente os resultados da pesquisa à Polícia Civil. A instituição está implementando medidas para capacitar os policiais no atendimento à população LGBTQIA+, como a criação de grupos de trabalho e a revisão de protocolos institucionais. A assessora especial da Secretaria de Polícia Civil, Cláudia Otília, ressaltou a importância dessas ações para combater a LGBTfobia e promover a igualdade entre todas as pessoas.

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