O Rio Grande do Sul está enfrentando uma terrível calamidade natural. Imagens mostram a extensão desse desastre, e é chocante perceber que 85% do território do estado está debaixo d’água. Os gaúchos passam por um momento de grande sofrimento, e a solidariedade dos outros brasileiros se faz presente por meio de correntes de doações. No entanto, lamentavelmente, casos de saques em residências abandonadas e disseminação de notícias falsas com objetivos políticos e financeiros têm sido relatados. O cenário é de empatia, mas também de oportunismo e maldade.
A tragédia atual levanta questões sobre os motivos e os responsáveis por essa situação. A degradação ambiental no Rio Grande do Sul é um problema antigo, conforme dados do MapBiomas, uma rede que utiliza imagens de satélite. Entre 1985 e 2022, o estado perdeu aproximadamente 3,5 milhões de hectares de vegetação nativa, contribuindo para as enchentes atuais. Parte significativa dessa perda ocorreu na bacia hidrográfica do Guaíba, a região mais afetada pelas chuvas intensas. O desmatamento foi agravado pela expansão do plantio de soja e pela flexibilização das leis ambientais enraizadas no governo anterior.
Porto Alegre, após a grande enchente de 1941, implementou um sistema de proteção contra cheias, porém a falta de manutenção e investimento nesse sistema contribui para a atual crise. Além disso, o descaso histórico com o meio ambiente e a influência de políticas negacionistas têm agravado as consequências desses eventos extremos. É urgente repensar nosso modelo de desenvolvimento e agir de forma proativa em relação às mudanças climáticas, admitindo que a adaptação e a mitigação são essenciais para garantir a segurança das futuras gerações.
É fundamental priorizar a preservação ambiental, reflorestar áreas degradadas e promover ações que reduzam os impactos do aquecimento global. O desmatamento zero, bem como o reflorestamento em larga escala, são medidas urgentes para combater a crise climática. Da mesma forma, é essencial adaptar as áreas urbanas e a infraestrutura pública aos desafios apresentados pelas alterações climáticas. A realocação de populações vulneráveis e investimentos em obras de engenharia são passos necessários para proteger vidas e propriedades dos eventos extremos cada vez mais frequentes.
O momento exige uma mudança de paradigma e uma postura mais responsável em relação ao meio ambiente. A população precisa se conscientizar sobre a importância da conservação dos recursos naturais e pressionar por políticas públicas eficazes. A crise no Rio Grande do Sul é um alerta para toda a sociedade brasileira: é preciso agir agora para proteger nosso planeta e garantir um futuro sustentável para todos.