Desigualdade persiste: negros brasileiros têm menor acesso ao ensino superior e maiores taxas de analfabetismo, aponta pesquisa da Pnad Contínua.

A desigualdade racial no cenário educacional do Brasil é evidente, conforme dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua. Os números revelam que os negros brasileiros possuem menor escolaridade, maiores taxas de analfabetismo e enfrentam mais dificuldades para acessar o ensino superior em comparação aos brancos.

Um dos indicadores que evidenciam essa disparidade é a média de anos de estudo. Enquanto os brancos tinham, em média, 10,8 anos de estudo em 2023, os negros possuíam apenas 9,2 anos, uma diferença de 1,6 ano. Embora essa discrepância tenha diminuído em relação a 2016, quando era de 2 anos, ainda persiste a desigualdade.

A pesquisa também aponta que a desigualdade educacional começa a se manifestar no ensino médio. Enquanto no ensino fundamental o percentual de negros no ciclo escolar adequado à sua faixa etária era maior que o de brancos, no nível médio a situação se inverte. A parcela de negros de 15 a 17 anos frequentando ou tendo concluído o ensino médio era de 71,5%, bem abaixo dos 80,5% dos brancos nessa faixa etária.

Além disso, a dificuldade de acesso ao ensino superior também é destacada nos dados. Apenas 19,3% dos negros de 18 a 24 anos estavam cursando uma graduação ou já tinham concluído, em comparação com os 36% de brancos. O atraso escolar impactava 10,1% dos negros nessa faixa etária, enquanto apenas 7% dos brancos enfrentavam essa situação.

Outro dado alarmante é a taxa de analfabetismo, que atinge de forma mais intensa a população negra. Em 2023, os negros apresentavam uma taxa de 7,1%, mais que o dobro da observada entre os brancos (3,2%). Especialmente entre os maiores de 60 anos, a discrepância se acentua, com 22,7% de negros analfabetos contra 8,6% de brancos.

Diante desse cenário, é necessário um esforço conjunto da sociedade e das autoridades para combater a desigualdade racial na educação e garantir oportunidades equitativas para todos os brasileiros, independentemente de sua cor de pele.

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