Quase cinco décadas após a iniciativa do antigo Distrito Federal em implantar as escolas Platoon, com programa desenvolvido pelo educador Anísio Teixeira, surgiu uma outra proposta educacional desenvolvida pelo Vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, o antropólogo Darcy Ribeiro, durante a gestão de Leonel Brizola. O próprio Ribeiro afirmava que não havia grandes novidades, mas sim um resgate de ideias defendidas por renomados educadores brasileiros há décadas.
Os Centros Integrados de Educação Pública – CIEP’s, também conhecidos como “brizolões”, foram inspirados nos ideais de Teixeira e Fernando de Azevedo, e arquitetados por Oscar Niemeyer. O projeto envolvia uma proposta padronizada, com pré-fabricação de peças em concreto em uma fábrica localizada em Santa Cruz. Apesar da notoriedade do CIEP, outra fábrica foi responsável por abastecer escolas menores, creches e postos de saúde.
Os CIEP’s propunham um ensino integral, com atividades extracurriculares e refeições completas para os alunos. No entanto, devido a problemas de gestão e falta de continuidade, muitas unidades foram abandonadas ou municipalizadas após o fim da gestão de Brizola. Mesmo com a retomada do programa no segundo mandato, a implantação total das 500 unidades planejadas não foi concluída.
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A proposta arquitetônica dos CIEP’s, desenvolvida por Niemeyer, apresentava blocos escolares em concreto aparente, quadras cobertas e bibliotecas com elementos padronizados. No entanto, questões como conforto térmico e acústico revelaram desafios no funcionamento eficaz das unidades. Após o término da gestão de Brizola, o destino das escolas ficou incerto, com muitas delas sendo abandonadas ou mal administradas.
A trajetória dos CIEP’s demonstra um esforço significativo na melhoria da educação pública, mas também revela desafios estruturais e de continuidade que impactaram a eficácia do programa. Ainda hoje, os resquícios das escolas de Darcy Ribeiro e Leonel Brizola ecoam como um lembrete da importância de investimentos contínuos e planejamento adequado na área da educação.
Após décadas desde sua criação, os CIEP’s continuam a despertar reflexões sobre o papel da arquitetura na educação e a importância de políticas educacionais consistentes e sustentáveis para garantir o pleno desenvolvimento e aprendizado dos estudantes.