Indígenas do povo avá-guarani foram novamente alvo de ataque na noite desta quarta-feira (10), no município de Guaíra, no oeste do Paraná, em um histórico de violência que assola a região. Três indígenas foram alvejados e estão hospitalizados, suspeita-se de que o atentado tenha sido organizado por fazendeiros, segundo denúncias que chegaram ao Ministério dos Povos Indígenas.
Em nota, o Ministério dos Povos Indígenas anunciou que a atuação da Força Nacional de Segurança Pública foi autorizada na área no final da tarde desta quinta-feira (11) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, em resposta ao pedido feito pela pasta em dezembro, logo após um ataque à mesma comunidade indígena.
A Terra Indígena Tekoha Guasu Guavira, objeto do conflito, está em processo de regularização fundiária, e, de acordo com o governo federal, as aldeias Y’hovy e Yvyju Avary sofreram ataques nos dias 23 e 24 de dezembro por milícia rural privada.
Uma organização que representa as aldeias do povo guarani no Sul e Sudeste do país, a CGY (Comissão Guarani Yvyrupá), divulgou um vídeo em suas redes sociais mostrando uma pessoa ferida, identificada como um líder espiritual da comunidade, e relatou que a Polícia Federal demorou a chegar no local e “não prestou assistência aos indígenas”. A reportagem entrou em contato com a PF nesta quinta-feira (11), mas ainda não obteve resposta.
A demarcação do território foi delimitada, mas ainda aguarda a portaria declaratória. Em 2020, o processo sofreu um revés quando a Funai, sob a gestão de Marcelo Xavier, editou uma portaria que anulava o trabalho que havia sido feito. A portaria foi suspensa em abril deste ano, na gestão de Joenia Wapichana, no governo de Lula (PT).
“É urgente que as instituições atuem para assegurar a vida e a integridade das comunidades avá-guarani na região, e se empenhem para fazer cessar a onda de violência. Esta violência é uma das consequências da não demarcação dos territórios do povo Ava-Guarani no oeste do Paraná”, escreveu a CGY em comunicado.