Hatshepsut: a mulher que desafiou a tradição e reinou como faraó no Egito Antigo por mais de duas décadas.




Hatshepsut: Mulher Faraó do Egito Antigo

Hatshepsut: Mulher Faraó do Egito Antigo

Por Daniel Neves Silva

Hatshepsut foi uma mulher conhecida como uma das poucas a se tornarem faraó no Egito Antigo, ocupando essa posição por mais de duas décadas, no século XV a.C. O seu reinado ficou marcado pela prosperidade do comércio internacional e, ainda, pelas grandes construções que realizou, como a sua própria câmara mortuária. Ela nasceu por volta do ano 1507 a.C., sendo filha de Tutemés I, faraó, e sua primeira esposa, a rainha Amósis. Por ser filha do faraó, Hatshepsut foi uma mulher de grande importância no Egito e seu nome atesta isso, pois é traduzido como “a mais importante das nobres damas”.

Assumiu o poder quando estava no sétimo ano da regência de Tutemés III, filho de seu esposo, Tutemés II, com sua esposa secundária. Os historiadores não sabem ao certo como foi o cenário que permitiu que ela assumisse o poder. Morreu de câncer, e, anos depois de sua morte, sofreu uma tentativa de apagamento histórico.

Resumo sobre Hatshepsut

  • Hatshepsut foi uma das poucas mulheres na história egípcia a se tornarem faraó.
  • Ela era filha de Tutemés I e casou-se com Tutemés II, seu meio-irmão.
  • Na posição de rainha, assumiu o cargo de “esposa de deus”, uma importante posição política e religiosa no Egito.
  • Tornou-se regente de Tutemés III com a morte de seu marido.
  • Assumiu o trono oficialmente em circunstâncias misteriosas e reinou por mais de duas décadas.
  • Ela morreu em fevereiro de 1458 a.C., e acredita-se que a causa de sua morte tenha sido câncer nos ossos.
  • Décadas após a morte de Hatshepsut, foi promovida uma campanha de apagamento histórico de seu legado, atribuída pelos historiadores a Amenófis II, filho de Tutemés III.

Hatshepsut na história egípcia

Hatshepsut é uma figura singular na história egípcia, uma vez que foi uma das poucas mulheres a assumirem a posição de faraó. Seu reinado ficou marcado por grande prosperidade, especialmente por conta do forte comércio que se desenvolveu durante o período. Ela foi faraó por 21 anos, durante o século XV a.C.

O grande destaque da vida de Hatshepsut foi ter sido faraó, mas outro grande evento que sofreu depois que sua vida terrena foi a tentativa de apagamento da sua história. Uma série de esculturas e outros artigos sobre Hatshepsut foram vandalizados para apagar os rastros de sua existência, fato atribuído pelos historiadores a Amenófis II, filho de Tutemés III.

Hatshepsut manteve importantes laços comerciais com reinos vizinhos, com destaque para uma expedição para o reino de Punt, localizado nas atuais Somália, Etiópia e Eritreia e conhecido por ter vendido inúmeros artigos de luxo para o Egito.

Hatshepsut como rainha egípcia

Pai de Hatshepsut e então faraó, Tutemés I preocupava-se com a continuidade de sua linhagem. Ele não teve nenhum herdeiro com sua primeira esposa, mas teve um filho, Tutemés II, com sua esposa secundária. Tutemés I casou Tutemés II com Hatshepsut para garantir a legitimidade de seu filho, também meio-irmão de Hatshepsut.

A ligação de Hatshepsut com o trono egípcio teve início com a morte do pai dela. Após Tutemés I morrer, Tutemés II tornou-se faraó e Hatshepsut, sua esposa, tornou-se rainha do Egito. Nessa posição ela também assumiu a posição de “esposa de deus”, um cargo muito importante relacionado à adoração de Amon. Nessa função, ela atuava como auxiliar do alto sacerdote do templo de Amon, em Karnak. Essa função também lhe dava importantes poderes políticos.

Hatshepsut como faraó

Quando Tutemés II morreu, Hatshepsut assumiu como regente do Egito porque Tutemés III não tinha a idade para tanto. Essa regência era apenas um governo de transição até que Tutemés III tivesse idade suficiente, mas, durante o sétimo ano de sua regência, Hatshepsut assumiu como faraó. Os historiadores não sabem como se deu essa transição de Hatshepsut de regente para faraó, mas ela de fato assumiu o poder egípcio por mais de 20 anos. Ela assumiu os títulos de um governante máximo, embora ainda chamasse publicamente Tutemés III de faraó. A subida de Hatshepsut a tal posição aconteceu em 1478 a.C.

Ela foi o quinto faraó da 18ª dinastia e seu reinado ficou marcado pelo desenvolvimento do comércio. Hatshepsut procurou usar a iconografia egípcia como um meio para reforçar a sua posição no poder. As esculturas e os desenhos a retratavam com feições masculinas, escondendo traços do corpo feminino, como as mamas.

Morte de Hatshepsut

Hatshepsut morreu em fevereiro de 1458 a.C. e acredita-se que a causa de sua morte tenha sido câncer nos ossos. Outras pesquisas ainda concluíram que ela possuía outros problemas de saúde grave: diabetes e artrite. Com a sua morte, Tutemés III pôde assumir o poder egípcio plenamente. Décadas depois da morte de Hatshepsut, seu nome foi apagado de escritos e sua imagem em esculturas e pinturas foi vandalizada como forma de apagá-la da história egípcia. Os historiadores acreditam que isso foi promovido por Amenófis II, filho de Tutemés III. A história de Hatshepsut foi resgatada quando seus restos mortais foram encontrados, no começo do século XX.

Deir el-Bahari, a câmara mortuária de Hatshepsut, uma das grandes construções realizadas durante seu reinado.

Fontes

BIOGRAFIAS DE MULHERES AFRICANAS. Hatshepsut (1507-1458 a.C.)

BONILLA, Juan Miguel Hernández. Dois crânios de babuínos de 3.300 anos atrás revelam o lugar de origem de uma misteriosa civilização

GILL, N. S. Biography of Hatshepsut, pharaoh of Egyp

MARK, Joshua J. God’s Wife of Amun

MARK, Joshua J. Hatshepsut

LEWIS, Jone Johnson. How did Hatshepsut die?

SOUSA, Aline Fernandes de. A mulher-faraó: representações da rainha Hatshepsut como instrumento de legitimação (Egito Antigo – século XV a.C.)

VENTURA, Dalia. O mistério de Hatshepsut, a faraó ‘apagada da história’

WEDEMAN, Ben. Just ask mummy: cancer the least of the worries


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