Novos números do Censo do IBGE revelaram que, pela primeira vez na história, o número de brasileiros que se declaram pardos (45,3%) é maior do que o de brancos (43,5%). Cresceu também o pedaço da população que se enxerga como preta. Passou de 7,6% em 2010 para 10,2% em 2022. A evolução cromática deve ser celebrada. Mas convém notar a sutileza dos dados, sob pena de confundir um mero avanço com a conquista de um ansiado objetivo.
A série histórica do IBGE começou em 1991, apenas nove anos antes do festejado centenário de Gilberto Freyre, cujas teorias instilaram na sociedade a percepção segundo a qual a miscigenação seria um traço positivo da formação brasileira. Em vez de debilitar a raça, a mistura teria enriquecido a cultura nacional e evitado que o racismo se tornasse estrutural. A ilusão fez com que o brasileiro se declarasse aos recenseadores do IBGE, por 31 anos, como um povo majoritariamente branco.
No Brasil, ao contrário do que ocorre em muitos países, não há blocos etnicamente homogêneos. Vem daí o lero-lero da democracia racial, um mito que retarda a construção de uma identidade negra. Num país quase 100% feito de mestiços, quem não vê na própria aparência traços da negritude talvez não tenha sacudido adequadamente os galhos de sua árvore genealógica.
Os mais recentes dados do Censo do IBGE destacam um marco na história do Brasil. Pela primeira vez, o número de brasileiros que se autodeclaram pardos supera o de brancos. Os pardos representam 45,3% da população, enquanto os brancos correspondem a 43,5%. Além disso, houve um aumento no percentual de pessoas que se identificam como pretas, saltando de 7,6% em 2010 para 10,2% em 2022.
Essa mudança na composição étnica da população brasileira é motivo de celebração, porém é importante analisar os dados com cautela. A série histórica do IBGE teve início em 1991, apenas nove anos antes do centenário de Gilberto Freyre. As teorias do autor influenciaram a percepção da sociedade, enfatizando que a miscigenação seria um aspecto enriquecedor da formação brasileira, evitando a estruturação do racismo.
É essencial ressaltar que, ao contrário de muitos países, o Brasil não possui blocos étnicos homogêneos. Esse cenário contribui para a persistência do mito da democracia racial, que retarda a construção de uma identidade negra. Em um país majoritariamente composto por mestiços, é fundamental reconhecer e valorizar a diversidade étnica da população.
Em uma análise mais profunda, é evidente que a evolução cromática é um passo significativo, porém ainda há desafios a serem superados para a efetiva conquista da igualdade racial no Brasil. A compreensão dos dados do Censo do IBGE é fundamental para a construção de políticas públicas e a promoção de uma sociedade mais justa e inclusiva.