O debate sobre a responsabilidade das empresas de redes sociais em relação à regulação e moderação de conteúdo online é cada vez mais acalorado. Em uma recente entrevista, a especialista em estudos de gênero e professora associada da Universidade de Nottingham, Janja Lalich, argumentou que essas empresas estão agindo como se estivessem “acima das regras”.
Segundo Janja, o problema reside no fato de que as empresas de redes sociais têm se mostrado relutantes em assumir a responsabilidade pelo que é publicado em suas plataformas, mesmo quando se trata de conteúdo potencialmente perigoso ou prejudicial. Ela aponta que, embora essas empresas sejam ágeis para desenvolver novas funcionalidades e algoritmos que impulsionam o crescimento de suas plataformas, elas têm sido muito lentas para lidar efetivamente com questões de segurança e moderação de conteúdo.
A especialista argumenta que o modelo de negócios dessas empresas, que se baseia principalmente na coleta de dados e na publicidade direcionada, cria um conflito de interesses quando se trata de policiar o conteúdo que circula em suas plataformas. Isso porque a prioridade dessas empresas muitas vezes é manter os usuários engajados para que possam coletar mais dados e vender mais anúncios, em vez de garantir um ambiente online seguro e saudável.
Além disso, Janja aponta que muitas dessas empresas têm se recusado a seguir as regulamentações impostas por governos e órgãos reguladores, argumentando que elas são “plataformas” e não “editores” de conteúdo. Isso levanta questões sobre a responsabilidade dessas empresas em relação ao conteúdo que é publicado em suas plataformas, especialmente quando se trata de desinformação, discurso de ódio e conteúdo extremista.
Em última análise, Janja defende que as empresas de redes sociais precisam assumir a responsabilidade pelo conteúdo que circula em suas plataformas e serem mais proativas na moderação e remoção de conteúdo prejudicial. Ela argumenta que a inação dessas empresas em relação a essas questões tem consequências significativas para a sociedade e pede que elas sejam regulamentadas de forma mais rigorosa para garantir a segurança e o bem-estar dos usuários online.