Brasil melhora classificação de risco em agências estrangeiras após 12 anos sem elevação, mas continua abaixo do grau de investimento.

A classificação de risco por agências estrangeiras é um indicador crucial da confiança dos investidores internacionais na economia de um país. Esse ranking é essencial para determinar os juros dos títulos públicos, que por sua vez representam o custo para o governo tomar empréstimos dos investidores. Além disso, as agências também atribuem notas aos títulos emitidos por empresas no mercado financeiro, avaliando a capacidade das companhias de honrar seus compromissos.

As agências mais prestigiadas no mercado são a Fitch, a Moody’s e a Standard & Poor’s (S&P), que regularmente enviam técnicos aos países avaliados para analisar as condições econômicas. Uma avaliação favorável por essas agências resulta em custos mais baixos e melhores condições de pagamento para um país e suas empresas ao levantar recursos no mercado internacional.

O grau de investimento é fundamental, pois representa uma garantia de que os países não correm o risco de dar calote em sua dívida pública. Abaixo dessa categoria está o grau especulativo, no qual a probabilidade de inadimplência aumenta à medida que a nota diminui. Quando um país ou empresa dá calote, seus títulos passam a ser considerados como de alto risco, o que naturalmente afasta investidores.

No Brasil, em 2008, a S&P elevou o país à categoria de grau de investimento, seguida pela Fitch em maio do mesmo ano e pela Moody’s em setembro de 2009. No entanto, em 2015, a S&P retirou o grau de investimento do Brasil, com a Fitch e a Moody’s fazendo o mesmo em 2016.

A mais recente revisão foi divulgada nesta terça-feira (19), mostrando que o Brasil está dois níveis abaixo do grau de investimento de acordo com a S&P e a Moody’s. A Fitch, por outro lado, mantém o país três níveis abaixo desse patamar, sem previsão de mudanças nos próximos meses.

Em relação aos títulos públicos, o grau de investimento beneficia o país ao possibilitar a obtenção de juros mais baixos nos papéis da dívida externa. O governo emite esses títulos para arrecadar recursos no mercado financeiro, com o compromisso de devolver o montante aos investidores com juros. Taxas menores sinalizam uma maior confiança na capacidade de pagamento do país.

Apesar da importância das notas atribuídas pelas agências de classificação de risco, essas instituições frequentemente são alvo de críticas por erros em prognósticos passados. Antes de 2008, elas deram notas altas a operações de venda de créditos imobiliários nos Estados Unidos, que posteriormente entraram em colapso desencadeando uma crise global. Em 2013, a Standard & Poor’s foi alvo de uma investigação por suspeita de fraude na classificação de produtos hipotecários, resultando em uma multa substancial em 2015.

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