A Ordem Libertária Espontânea: O Futuro Político da Argentina e os Desafios do Mileísmo




Análise política: O futuro da Argentina

Recentemente, tem-se levantado a questão sobre a capacidade de um presidente de manter a ordem e a estabilidade em uma sociedade polarizada. Esta discussão tem sido central para discutir o futuro da Argentina, especialmente após a ascensão de Milei ao poder.

É inegável que, na vida real de um presidente, há disputas entre diferentes doutrinas e conflitos de interesses entre os atores políticos. No entanto, a biblioteca presidencial parece ser um ambiente onde a ordem é mantida. Mas será que essa mesma ordem se reflete na realidade política e social do país?

O economista Alfredo Serrano Mancilla, em um artigo recente, levanta a questão da chamada “ordem libertária espontânea” defendida por Milei, que nada mais seria do que a mesma ordem proposta pelo neoliberalismo há meio século. Mancilla alerta para as “mãos invisíveis” que, na prática, podem atuar como os verdadeiros criadores dessa ordem, indicando que as ideias de Milei podem não ser tão revolucionárias quanto parecem.

O autor também levanta a possibilidade de um cenário em que uma grande parte dos eleitores de Milei se volte contra ele politicamente, representando uma ameaça ao seu governo. Essa situação, embora possa parecer utópica inicialmente, é algo que já aconteceu mais frequentemente do que se imagina. A falta de fidelidade partidária permitiu a ascensão de Milei, mas também pode representar um risco para a sustentação de seu governo.

Mancilla ressalta a importância de o presidente compreender a heterogeneidade e volatilidade do grupo que o elegeu, alertando que a fidelidade partidária tornou-se coisa do passado. A análise também destaca a necessidade de resolver rapidamente os problemas cotidianos das pessoas, já que as necessidades nunca têm paciência.

Além disso, Mancilla aponta que a estratégia de comunicação de Milei, baseada em falsos diagnósticos e propostas genéricas, pode não ser suficiente para ganhar a batalha política e cultural. Para que as ideias triunfem, é necessário enfrentar os fatos e suas consequências de forma direta.

Em suma, a análise de Mancilla lança luz sobre os desafios que o governo de Milei pode enfrentar no futuro, ressaltando a importância de compreender a realidade política e social do país para efetivamente governar. Resta aguardar para ver como o presidente irá enfrentar esses desafios e se suas ideias serão capazes de se sustentar no cenário político argentino.

* Alfredo Serrano Mancilla é PhD em economia pela Universidade Autônoma de Barcelona (UAB). Ele é especialista em economia pública, desenvolvimento e economia global. É colunista convidado do Página 12, La Jornada, Público, Russia Today, e atual diretor executivo do Centro Estratégico Latino-Americano de Geopolítica (CELAG).

* Tradução de Raul Chiliani


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