Tribunal de Justiça de SP retoma julgamento dos PMs acusados de matar jovens em Paraisópolis em meio a Baile Funk

Nesta segunda-feira (18), o Tribunal de Justiça de São Paulo retomou o julgamento dos 12 policiais militares acusados de participar do Massacre de Paraisópolis, no qual nove jovens foram mortos em uma operação realizada durante o Baile da DZ7, de funk, na favela de Paraisópolis. O que se decide na corte é se os policiais irão a júri popular.

O episódio ocorreu na noite de 1º de dezembro de 2019 e chocou o país. Além dos policiais acusados de cometer os homicídios, outro responde por colocar pessoas da festa em risco. O crime é imputado ao agente porque teria soltado explosivos durante a operação, aumentando o tumulto no local.

Essa será a segunda audiência de instrução, que segue acontecendo no Fórum Criminal da Barra Funda. Estão previstos os depoimentos de 25 testemunhas de acusação e cinco de defesa. Ao todo, 52 testemunhas foram arroladas no processo, e depois da etapa de instrução vem a fase de interrogatórios. Segundo informações do Tribunal de Justiça, 25 parentes das vítimas se inscreveram para acompanhar a audiência de hoje.

Os jovens assassinados foram Gustavo Cruz Xavier, Denys Henrique Quirino da Silva, Marcos Paulo de Oliveira Santos, Dennys Guilherme dos Santos Franco, Luara Victoria de Oliveira, Eduardo Silva, Gabriel Rogério de Moraes, Bruno Gabriel dos Santos e Mateus dos Santos Costa. Eles tinham entre 14 e 23 anos de idade.

O processo foi aberto após o Ministério Público de São Paulo apresentar denúncia contra os policiais militares. No entendimento dos parentes das vítimas e da Defensoria Pública do Estado de São Paulo, ficaram provados excessos e abuso de autoridade por parte dos agentes das forças de segurança.

A Defensoria Pública chegou a detalhar o caso em um relatório de 187 páginas, que cita imagens captadas por câmeras e conversas que revelam o modo como os policiais agiram na ocasião. O órgão afirmou que há sólidas evidências de que os agentes encurralaram jovens em uma viela da comunidade e que as vítimas morreram por asfixia, não por terem sido pisoteadas, como sustentam. Além disso, a Defensoria acredita que os jovens jamais resistiram a qualquer ordem emitida pela polícia, que teria se dirigido ao baile não para prestar socorro, mas para exercer repressão contra o público da festa.

Por outro lado, a defesa dos policiais militares nega que tenha havido erros em sua conduta e alega que receberam o chamado depois de o tumulto já ter começado, chegando ao local para dispersá-lo e garantir a segurança de todos. O argumento é de que houve uma reação dos agentes diante da fuga de dois criminosos, que teriam corrido para o “pancadão”, como é conhecido popularmente o baile funk, e o que se seguiu a isso foi uma confusão dentro da festa, culminando na morte dos jovens.

Na época do episódio, o então governador de São Paulo, João Doria, convocou entrevista coletiva para se pronunciar e reafirmou que o modelo de atuação das polícias não seria mudado. O caso ganhou destaque nas redes sociais, onde os familiares das vítimas utilizam as hashtags #nãofoisocorro, #nãofoiresistência e #nãofoipisoteamentopara reiterar a sua versão dos eventos.

Esse é um caso que atrai a atenção e indignação de muitas pessoas por expor uma série de falhas no sistema de segurança pública, levantando questões sobre o abuso de poder e a violência policial. A sociedade aguarda ansiosamente por justiça e transparência diante dos fatos apresentados.

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