Análise inicial não detecta prejuízos significativos após rompimento da mina 18 da Braskem na Lagoa Mundaú, em Maceió.

O rompimento da mina 18 da empresa petroquímica Braskem na Lagoa Mundaú, em Maceió, trouxe um alerta para os possíveis impactos ambientais e a qualidade da água na região. No entanto, as primeiras análises de amostras coletadas por técnicos da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e do Instituto estadual do Meio Ambiente (IMA-AL), apontam que não houve prejuízos significativos adicionais ao já poluído ecossistema.

O momento do desastre foi registrado por câmeras de segurança, que flagraram o redemoinho formado quando a água invadiu a caverna subterrânea, resultado de décadas de exploração do sal-gema. Em seguida, os técnicos sobrevoaram o local para colher amostras que se juntaram a outras 16 amostras monitoradas ao longo dos anos na Lagoa Mundaú.

De acordo com o pesquisador do Laboratório de Aquacultura e Ecologia Aquática (Laqua) e professor da Ufal, Emerson Soares, os resultados das análises iniciais não identificaram elevações nos níveis de cloreto, sódio, cálcio, magnésio, condutividade elétrica e salinidade. As amostras coletadas não mostraram evidências de produtos da mina na laguna, pelo menos no momento das análises.

Soares enfatizou a importância do monitoramento contínuo da qualidade da água, apesar do atual cenário tranquilo. Ele ressaltou que a universidade tem um convênio com a Braskem devido ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) assinado com o Ministério Público, mas garantiu a independência e transparência dos dados, sem sofrer influência da empresa.

Além disso, os especialistas alertaram que a contaminação da Lagoa Mundaú por esgotos não tratados e agrotóxicos é um problema crônico. Ana Karine Pimentel, gerente do laboratório do IMA-AL, reiterou a importância de monitorar continuamente as condições da lagoa e a necessidade de lidar com os problemas de esgoto doméstico e outras fontes de contaminação.

Os pesquisadores enfatizaram que a laguna é um depósito de problemas, incluindo resíduos tóxicos e cancerígenos, devido à poluição oriunda do Rio Mundaú e das fontes de esgoto das cidades circunvizinhas. Esses problemas já impactaram a biodiversidade do ecossistema e colocaram em risco a sobrevivência de espécies como o sururu, devido à falta de alimento provocada pela poluição.

Diante desse cenário, a conclusão é que o rompimento da mina 18 é uma adição preocupante aos problemas ambientais já existentes na Lagoa Mundaú. A continuidade do monitoramento e a implementação de medidas efetivas de preservação ambiental são vitais para mitigar os danos a longo prazo.

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