“Como se fosse campanha presidencial”
As eleições na Sérvia têm gerado grande atenção e controvérsia nos últimos meses. Mesmo não sendo candidato, o presidente sérvio, Aleksandar Vucic, tem dominado o debate público e fornecido a impressão de estar realizando uma campanha presidencial e não legislativa, de acordo com avaliações do Centro para a Pesquisa, a Transparência e a Responsabilidade (CRTA). Segundo o think tank, Vucic “ocupa cerca de metade do tempo de informação política nas principais mídias”.
Em um levantamento recente, a organização atribuiu 49% das intenções de voto à coligação de Vucic, e 40% à “Sérvia contra a violência”, com destaque para a possibilidade de uma vitória da oposição no município da capital, um fato que teria um importante significado político. Aos 53 anos, Vucic, que assim deverá confirmar a recondução da sua maioria parlamentar, fez da campanha para estas eleições antecipadas um referendo sobre o seu mandato.
Petição
Diante do protagonismo de Vucic, a oposição tentou novas formas de agitar a “sociedade civil”. Em meados de novembro, cerca de 70 mil pessoas apoiaram uma petição emitida por personalidades públicas que convidava a população sérvia a participar das eleições. Os cidadãos também tiveram a possibilidade de assinar a petição por via digital, que propunha “encorajar um processo no qual todos nos envolvemos para as mudanças que o país precisa”. Em resposta, a primeira-ministra da Sérvia, Ana Brnabic, considerou o apelo um insulto a todos os cidadãos, um argumento utilizado com frequência pelo poder.
Entre UE e Rússia
Durante o seu longo mandato, Vucic equilibrou-se entre a União Europeia, a Rússia, a China, e os Emirados, mantendo relações diplomáticas e econômicas em diversos níveis. A sua projeção internacional foi um dos argumentos da campanha, ao acolher líderes internacionais e defender a neutralidade militar do seu país. A imagem que o poder transmite de uma Sérvia autônoma e independente tem garantido um considerável apoio popular.
Oposição acusa populismo e autoritarismo
Por outro lado, seus críticos o acusam de populismo e autoritarismo, alegando que as vozes dissonantes são marginalizadas e consideradas como “degeneradas” ou de “traidores”. Além disso, os receios de um retorno da instabilidade regional foram agravados com um recente ataque em uma localidade no Kosovo, que gerou preocupações sobre a segurança na região.
Estas eleições são acompanhadas por 75 observadores da Assembleia Parlamentar da OSCE, e têm sido vistas como cruciais para o futuro político da Sérvia. Vamos aguardar os resultados!