Indígenas relatam ameaças de garimpeiros armados. O último registro de invasão ocorreu em 4 de dezembro, com a presença de garimpeiros armados no rio Catrimani. “Eles estão trabalhando à noite, não estão mais derrubando árvores. Eles têm uma estrutura de helicópteros e aviões, estão aproveitando a fragilidade do governo”, afirma a liderança local.
Garimpeiros atuam principalmente em áreas já devastadas. Se antes, eles desmatavam novas áreas de floresta para extrair o ouro, agora se instalam em regiões já abertas para continuar a exploração. Isso impõe dificuldades de monitoramento aos sistemas de alerta.
A nova onda de exploração coloca em risco comunidades já fragilizadas. “Os garimpeiros que chegaram nos últimos quatro anos estão voltando e se expandindo para outros lugares. O garimpo não acabou”, afirma Dário Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami.
Quem denuncia sofre ameaças, diz liderança local. “As lideranças relatam que, se denunciarem, correm o risco de serem assassinadas. As comunidades vivem com medo”, afirma Júnior. Por isso, os relatos são enviados ao MPF pelas entidades indígenas sob sigilo.
Nosso maior medo se chama crime organizado, PCC e lavagem de dinheiro na terra Yanomami. Já morreram muitos Yanomamis. Os garimpos vão aumentar mais ainda nessa época de fim de ano, porque sabem que haverá menos fiscalização.
Dário Kopenawa Yanomami, vice-presidente da Hutukara
Menos fiscalização do Exército
Autoridades e entidades que atuam na região afirmam que o Exército não tem atuado de forma eficiente na fiscalização. “As ações passaram a ser ineficazes, o contingente e as operações diminuíram”, afirma Senra, do ISA. “Com isso, estão atuando de maneira menos camuflada, ampliando o horário em que os aviões trafegam e os barcos passam com mais frequência.”