Conferências internacionais: o espetáculo sem progresso e a crise de eficácia na governança global do século XXI







Artigo sobre conferências internacionais

Em meio ao aumento do interesse e da participação das sociedades nas grandes conferências internacionais, um incômodo sentimento de paralisia toma conta do cenário global. Parece que a visibilidade sem precedentes dos palcos da negociação internacional não tem se traduzido em progressos significativos, resultados práticos ou melhorias tangíveis. Lideranças poderosas refreiam agendas sensíveis, enquanto países menos poderosos enfrentam dificuldades para promover mudanças estruturais. O resultado é o sentimento de revolta e crítica ligados à percepção de ineficácia, lentidão e falta de conexão das estruturas de governança com as necessidades do século XXI.

Essa situação remete à obra “Sociedade do Espetáculo” do filósofo Guy Debord, publicada em 1967, que criticava a cultura e a sociedade de sua época. Debord sugeria que a indústria cultural, dentro da lógica capitalista, alimentou uma alienação social em que as relações humanas passaram a ser mediadas por imagens e interpretações. Quase 60 anos depois, suas críticas ecoam nas conferências internacionais contemporâneas, que assumem um viés teatral e se tornam “subprodutos espetaculares” de nosso tempo.

O descompasso de resultados palpáveis, que não acompanham o glamour dos “holofotes do show”, reflete a crítica de Debord sobre a superficialidade que governa as relações internacionais. Estamos enfrentando uma “comodificação das experiências”, em que a aparência muitas vezes ofusca a substância, ampliando a sensação de cansaço do mundo, o “weltschmerz”.


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