Deputados discutem inclusão da economia do cuidado no cálculo do PIB em debate na Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.






Debate na Câmara destaca importância da economia do cuidado no cálculo do PIB

14/12/2023 – 11:49  

Debatedores apontaram, em debate na Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (13), a importância de incluir no cálculo do
Produto Interno Bruto (PIB) a chamada economia do cuidado. Esse segmento refere-se ao trabalho não remunerado geralmente exercido por mulheres, como a limpeza da casa, lavagem de roupa, cuidado dos filhos, idosos e doentes da família.

“Incluir os cálculos relativos ao trabalho não remunerado de cuidado nas contas nacionais, além de dar visibilidade ao que já vem sendo executado, poderá contribuir para a mudar a concepção da sociedade sobre a importância desse trabalho”, destacou a Secretária Nacional de Autonomia Econômica e Políticas de Cuidado no Ministério das Mulheres, Rosane Silva.

Para ela, a tradicional divisão entre o que se considera trabalho econômico e trabalho não econômico resulta de uma intensa marginalização e desvalorização do trabalho de cuidado.

A deputada Luizianne Lins (PT-CE), autora do Projeto de Lei 638/19, que inclui a economia do cuidado no cálculo do PIB lamentou que somente agora o País comece a tratar do tema. “É uma questão invisível que, no Brasil, toma proporções gigantescas, também pela dimensão territorial e por outros problemas sociais, muitos agravados nos últimos anos”, avaliou.

Mercado de Trabalho
A Secretária da Política Nacional de Cuidados e Família do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Laís Abramo, citou dados que apontam o cuidado do lar como o principal motivo de mulheres desempregadas sequer tentarem entrar no mercado de trabalho.

“Mulheres em idade ativa que não estão no mercado de trabalho nem procurando emprego tem como razão principal o fato terem que fazer o trabalho de cuidado dentro da suas casas. Para os homens, esse percentual é de apenas 2%”, afirmou.

A ministra do Tribunal Superior do Trabalho, Kátia Magalhães Arruda, disse que políticas públicas voltadas ao cuidado impactam em pontos que são mais importantes até mesmo que a economia. “Mais importante que pensar noção de PIB é pensar no impacto que uma boa política de cuidados pode trazer para o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano]. O que queremos, na verdade, é uma melhor vida para todas e todos.”

Reportagem – Eduardo Cupertino
Edição – Rachel Librelon


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