O primeiro estudo, liderado por equipes do Museu Nacional do Rio de Janeiro, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e da Universidade do Contestado, em Santa Catarina (UNC), se concentrou na ilha de Vega. Os cientistas encontraram fósseis de fragmentos de ossos de aves que, após análise detalhada, foram identificados como pertencentes ao grupo Neornithes, o qual inclui aves modernas. Essa descoberta amplia o número de fósseis de aves datados do Cretáceo, contribuindo para o entendimento das trajetórias evolutivas iniciais das aves modernas e sua resiliência durante o evento de extinção do Cretáceo-Paleogeno.
De acordo com Geovane Souza, do Museu Nacional, a Antártica pode ter sido um refúgio para os ancestrais das aves modernas durante o evento de extinção, devido ao seu clima mais ameno e à ausência de gelo. A presença abundante de aves modernas na Antártica durante o Cretáceo é um fenômeno único e intrigante, e as recentes descobertas ajudam a lançar luz sobre esse enigma paleontológico.
O segundo estudo, realizado na Ilha Nelson, no arquipélago de Shetland do Sul, envolveu pesquisadores do Museu Nacional, das universidades Federal de Pernambuco, do Contestado, Federal do Espírito Santo e Federal do Rio Grande do Sul. Eles identificaram 15 fósseis de espécies vegetais do gênero Nothofagus, que revelam vestígios de interações de insetos com as plantas, fornecendo novas informações sobre as relações ecológicas nos ecossistemas antárticos.
Ambos os estudos foram publicados na revista Anais, da Academia Brasileira de Ciências, em novembro deste ano, e destacam a importância da pesquisa paleontológica brasileira na Antártica. O diretor do Museu Nacional, Alexandre Kellner, enfatizou a necessidade de investimento contínuo do Brasil nesse tipo de pesquisa, ressaltando que o futuro da Antártica será influenciado pelas nações que mantêm atividades de pesquisa no continente.
Portanto, as recentes descobertas feitas por pesquisadores brasileiros na Antártica oferecem valiosas contribuições para a compreensão da história evolutiva e da ecologia do continente nessa era pré-histórica, ressaltando a importância do investimento contínuo em investigações científicas na região.