Diretor da OMS espera eliminação dos combustíveis fósseis na COP28 da ONU para proteger a saúde pública.



Artigo sobre Conferência do Clima da ONU – COP28

Diretor-geral da OMS espera resultados positivos na COP28

O diretor-geral da OMS (Organização Mundial de Saúde), Tedros Adhanom Ghebreyesus, afirmou à Folha que espera ver como resultado da COP28, conferência do clima da ONU, “no mínimo, a eliminação dos combustíveis fósseis”. Para ele, esta medida seria extremamente importante para a saúde, contribuindo para a redução de doenças respiratórias e da poluição do ar, que estão ligadas à exploração de energias fósseis.

Impactos das mudanças climáticas na saúde

Em uma fala nos corredores da COP28, Tedros destacou que a relação com a saúde é a forma mais convincente de mostrar às pessoas o impacto das mudanças climáticas. Ele ressaltou que as doenças respiratórias e a poluição do ar são consequências da exploração de energias fósseis, que também são responsáveis por 75% das emissões de gases-estufa no planeta.

Agenda da saúde na conferência do clima

Pela primeira vez, a cúpula do clima dedicou um dia temático à agenda da saúde, proporcionando uma série de debates paralelos às negociações diplomáticas. Tedros foi bastante admirado ao deixar o palco de uma mesa com ministros da Saúde de diversos países, sendo aclamado por seu trabalho durante a pandemia de Covid-19.

Negacionismo científico e a necessidade de eliminação dos fósseis

Entre os desafios do período, Tedros precisou lidar com o negacionismo científico, uma barreira comum à agenda contra o aquecimento global. O presidente da COP28, Sultan al-Jaber, havia afirmado que não há ciência por trás da recomendação de eliminar os combustíveis fósseis. No entanto, Tedros reiterou que a necessidade de eliminação dos fósseis está fundamentada na ciência e nos impactos já vividos, que estão documentados.

Declaração política sobre clima e saúde

Um importante destaque da COP28 foi a declaração política conjunta sobre clima e saúde, que prevê a incorporação de considerações sobre a saúde nos processos de negociação das COPs, com o objetivo de minimizar os efeitos adversos do clima na saúde pública. O documento foi assinado por 124 países, incluindo Brasil, China, Estados Unidos, Índia, Alemanha e Reino Unido.

Impactos da crise climática na saúde

Segundo estimativas da OMS, o clima deve causar pelo menos 250 mil mortes adicionais por ano entre 2030 e 2050. Dentre essas mortes, 38 mil devem ser de idosos expostos ao calor extremo, outras 48 mil devem acontecer por diarreia, 60 mil por malária e 95 mil mortes de crianças ligadas a má nutrição. Além disso, o painel do clima da ONU estimou os impactos da crise climática no aumento de doenças infecciosas, calor, desnutrição, deslocamentos forçados de populações e até na saúde mental.

A repórter Ana Carolina Amaral viajou a convite de Avaaz, Instituto Arapyaú e Internews.

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