Calor extremo em São Paulo: renda influencia temperatura e cria “ilhas de calor” em áreas mais pobres da cidade.

O calor extremo que tem atingido a cidade de São Paulo, e que tem previsão de voltar em dezembro, tem afetado de maneira desigual as diferentes regiões da cidade. De acordo com análise de dados da Folha, as zonas norte e leste, assim como o entorno do centro expandido, são as mais atingidas, com temperaturas mais elevadas. Por outro lado, áreas a sudoeste do centro, que incluem alguns dos distritos mais ricos da capital, possuem temperaturas relativamente mais baixas.

Essa disparidade na intensidade do calor está diretamente relacionada com a distribuição de renda na cidade. Regiões de maior renda conseguem conter as chamadas ilhas de calor urbanas, localidades onde a ausência de área verde faz com que o asfalto e as estruturas de concreto absorvam a energia do sol, elevando a temperatura do ar e mantendo-a alta até a noite. De acordo com a análise da Folha, os bairros mais ricos conseguem bloquear as ilhas de calor, com uma temperatura média de superfície 0,7ºC mais fria do que a média da cidade.

Por outro lado, os distritos com renda média de R$ 1 mil a R$ 2 mil estão entre os mais quentes, com temperaturas de solo de 2ºC a 3ºC acima da média. Essa conclusão foi obtida a partir de cálculos feitos sobre mapas de temperatura de superfície captados pelos satélites Landsat 8 e Landsat 9 da Nasa. Foram selecionadas imagens com menos de 10% de cobertura de nuvens sobre São Paulo, resultando em 32 conjuntos de dados de diferentes datas.

A presença de áreas verdes como parques e vegetação urbana é apontada como um fator crucial na redução do calor. A presença de vegetação tem um impacto significativo no microclima, ajudando a diminuir a temperatura em áreas específicas da cidade. Avançar na implantação de parques públicos é apontado como uma das principais estratégias para levar conforto térmico em meio ao aquecimento global.

Contudo, a cidade de São Paulo ainda enfrenta desafios na criação de novas áreas verdes. O Plano Diretor Estratégico de 2014 previa a entrega de mais 167 parques, mas apenas 11 tinham sido inaugurados até junho. A revisão do PDE realizada pela Câmara e pela gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) aumentou para 186 as áreas disponíveis para a criação de parques, visando melhorar o conforto térmico em meio à intensificação do calor na cidade.

Portanto, a necessidade de investir em mais áreas verdes e parques como política de Estado é evidente, visando garantir um ambiente mais saudável e confortável para os moradores de São Paulo. A presença da água no ambiente urbano, na forma de rios, córregos, lagos e fontes, também é destacada como outro elemento essencial na luta contra o calor. A arborização e a preservação de áreas verdes são fundamentais para amenizar os efeitos das ilhas de calor e proporcionar um ambiente mais sustentável e saudável para a população da cidade.

Sair da versão mobile