Relatório do Ministério da Saúde aponta disparidade na mortalidade materna entre mulheres negras e brancas
Um levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde trouxe à tona mais uma desigualdade no sistema de saúde brasileiro: a mortalidade materna é mais que o dobro em mulheres negras quando comparadas a mulheres brancas. Segundo dados preliminares referentes a 2022, enquanto a taxa de mortes maternas é de aproximadamente 46,5 para cada 100 mil nascidos vivos em mulheres brancas, esse número sobe para 100,4 quando se trata de mulheres pretas. No caso das mulheres pardas, a incidência é de 50,4.
Os dados foram coletados pela Pesquisa Nascer no Brasil II: Inquérito Nacional sobre Aborto, Parto e Nascimento, realizada em parceria com a Fiocruz e que utiliza informações do Sistema Único de Saúde (SUS). O relatório, lançado na quinta-feira (23), apresenta um panorama aprofundado sobre nascimento e gestação no país.
Segundo a pesquisa, para uma morte ser considerada materna, o óbito precisa ocorrer durante a gravidez, no parto ou em até 42 dias após o parto, e a causa da morte precisa estar relacionada à gestação. Os números apontam para uma disparidade alarmante, considerando que o Brasil assumiu a meta de reduzir a mortalidade materna para 30 mortes por 100 mil nascidos vivos até 2030 junto às Nações Unidas.
O relatório também destaca que, nos anos de 2020 e 2021, durante a pandemia da Covid-19, a diferença na taxa de mortalidade materna entre mulheres negras e brancas foi ainda mais expressiva, com números que evidenciam a desigualdade histórica no sistema de saúde do país.
Diante desse cenário, o governo anunciou o início de um encontro para lançar um plano de trabalho voltado para a redução da mortalidade materna. O assessor para Equidade Racial do Ministério da Saúde, Luís Eduardo Batista, afirmou que o objetivo é envolver diversos setores para estruturar uma proposta de trabalho com metas e ações a serem desenvolvidas pelo governo federal, em diálogo com a sociedade civil e os gestores de estados e municípios.
Lançamento da campanha “Racismo faz mal à saúde”
No mesmo encontro, o Ministério da Saúde lançará a campanha “Racismo faz mal à saúde”, que será trabalhada nas redes sociais com o intuito de conscientizar a população de que o racismo é um determinante social de saúde.