Projeto de lei que estabelece prioridade na Justiça para casos de trabalho análogo à escravidão é aprovado pela CCJ.

Nesta quarta-feira (8), a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou o projeto de lei 702/2023, que estabelece prioridade na Justiça a processos que tratam de casos de trabalho análogo à escravidão. O relator do projeto, deputado André Janones (Avante-MG), propôs uma alteração do Código de Processo Penal, visando dar prioridade, em todas as instâncias judiciais, às ações que apuram a prática de crime hediondo.

No Brasil, submeter alguém à condição análoga à de escravo pode levar a uma condenação que prevê pena de dois a oito anos de prisão, além do pagamento de multa. A legislação brasileira classifica como trabalho análogo à escravidão toda atividade forçada, desenvolvida sob condições degradantes ou em jornadas exaustivas, onde o funcionário é vigiado constantemente por seu patrão.

Conforme a Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete), a jornada exaustiva é definida como um expediente que causa prejuízos à saúde física ou mental do trabalhador, anulando sua vontade e atingindo sua dignidade. Já as condições degradantes de trabalho ocorrem quando há violação dos direitos fundamentais do trabalhador, como higiene, saúde, segurança, moradia, alimentação, repouso e outros relacionados aos direitos da personalidade.

Além disso, a servidão por dívida, onde o funcionário tem seu deslocamento restrito pelo empregador sob alegação de que deve liquidar uma dívida em dinheiro, também é reconhecida como uma forma de escravidão contemporânea no Brasil.

De acordo com um relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), da Walk Free e Organização Internacional para as Migrações, divulgado em setembro de 2022, cerca de 28 milhões de pessoas foram vítimas de trabalhos forçados em 2021, sendo a maioria dos casos (86%) no setor privado. Além disso, quase uma em cada oito pessoas submetidas a esse tipo de violação é criança (3,3 milhões). Somente no primeiro trimestre deste ano, 523 pessoas foram resgatadas vítimas de trabalho análogo à escravidão.

Para denunciar crimes que atentem contra os direitos dos trabalhadores, o Ministério Público do Trabalho disponibiliza um canal para registro de denúncias em seu site, que pode ser feito de forma anônima. A aprovação desse projeto pela CCJ representa um avanço na luta contra o trabalho análogo à escravidão, reforçando a importância de garantir a proteção e os direitos dos trabalhadores.

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