As acusações feitas pelos moradores vão desde o boicote à infraestrutura, como a destruição de uma ponte e o impedimento da construção de uma escola, até a prática de violência física e ameaças de morte. Diante dessas denúncias, o presidente da CPI, senador Plínio Valério, afirmou que o colegiado irá apresentar uma representação ao Ministério Público Federal contra funcionários do ICMBio.
Valério declarou que é uma situação indignante que se transforma em revolta, e que é necessário combater os abusos e arbitrariedades cometidos pelo ICMBio. Além disso, o senador também acusou a Força Nacional de estar expulsando moradores de São Félix do Xingu (AM) e Autazes (PA) para a criação de reservas indígenas, em benefício de ONGs internacionais.
O vice-presidente da CPI, Jaime Bagatolli, enfatizou que o objetivo não é acabar com a reserva, mas sim garantir que os moradores tenham direitos e vivam com dignidade dentro dela. Ele ressaltou a importância da reserva, que permite atividades produtivas voltadas para a sustentabilidade da população local.
Além da visita à reserva, os deputados estaduais e representantes da sociedade civil do Acre defenderam a expansão de estradas no estado, durante uma audiência pública da CPI das ONGs realizada na Assembleia Legislativa. O senador Marcio Bittar, relator da CPI, destacou que as obras em rodovias do estado são frequentemente embargadas por órgãos governamentais de preservação ambiental, ONGs e o Ministério Público Federal. Ele ressaltou a importância de retomar a expansão da BR-364, que liga o Acre ao Peru e possibilitaria o desenvolvimento da região.
Diversos participantes da reunião também manifestaram o desejo de retomar a construção da ponte sobre o rio Juruá, que ligaria as cidades de Cruzeiro do Sul e Rodrigues Alves. Eles destacaram que a falta de estradas é um risco para a saúde e vida dos moradores da região, e que a integração viária permitiria o crescimento econômico.
Diante desses problemas, o prefeito de Rio Branco, Tião Bocalom, argumentou que a qualidade de vida só será alcançada por meio do desenvolvimento econômico. Ele criticou as ações de preservação ambiental de algumas ONGs e países estrangeiros, afirmando que existem interesses contrários ao interesse nacional. O senador Alan Rick também expressou sua crença na retomada da obra da ponte e defendeu o comprometimento dos parlamentares da região com emendas orçamentárias.
A CPI das ONGs já realizou diligências em outros estados, como Amazonas e Mato Grosso. Em agosto, os senadores visitaram o município de São Gabriel da Cachoeira (AM) e ouviram representantes da comunidade indígena Pari-Cachoeira. Na próxima semana, está prevista a visita à etnia indígena Haliti-Paresi no estado de Mato Grosso.
Para finalizar, é importante destacar que o orçamento do governo federal destinou R$ 66 milhões para o trecho da BR-364 localizado no Acre, mas apenas R$ 9 milhões foram efetivamente desembolsados. A justiça também tem embargado diversas obras, como a expansão da rodovia entre Cruzeiro do Sul e Pucallpa, no Peru, devido a ações movidas por associações e ONGs que exigem consulta prévia aos povos tradicionais e indígenas afetados.