A guerra no Oriente Médio é marcada não só por violência física, mas também pela disseminação perigosa de desinformação online

A guerra no Oriente Médio está sendo marcada não apenas por explosões e tiros, mas também pela difusão acelerada de desinformação e notícias falsas, principalmente através das redes sociais na internet. Essa disseminação de informações imprecisas e enganosas pode ser extremamente perigosa para a sociedade, além de causar um impacto negativo tanto para aqueles que vivem próximos da guerra quanto para aqueles que estão distantes dos cenários de conflito.

Segundo o professor de relações internacionais e pesquisador de assuntos ligados ao Oriente Médio, José Antonio Lima, os conteúdos falsos se aproveitam do que é transmitido pelo noticiário convencional e encontram terreno fértil nas redes sociais, onde o filtro praticamente não existe. Isso torna ainda mais difícil para as pessoas identificarem o que é verdadeiro e o que não é. Lima faz parte do projeto Comprova, que reúne jornalistas brasileiros para investigar informações suspeitas compartilhadas nas redes sociais.

O historiador e jornalista Raphael Kapa, coordenador da Agência Lupa, ressalta que o momento de comoção diante da tragédia é usado por pessoas ou instituições que desejam propagar desinformação. Aproveitando a vulnerabilidade das pessoas, muitas vezes são divulgadas informações sensíveis e dolorosas, como o sofrimento de crianças e mutilação de corpos. Kapa destaca a importância de checar essas informações e alertar que o conteúdo pode ser sensível e causar dor nas pessoas.

A guerra no Oriente Médio se torna um terreno fértil para a proliferação de desinformação, pois existe uma ampla gama de materiais disponíveis para quem quer espalhar mentiras, como imagens antigas de bombardeios sendo divulgadas como se fossem atuais. No entanto, ainda não é possível mensurar a quantidade de desinformação acumulada nas redes sociais durante esse conflito.

Um aspecto preocupante é que nem sempre a disseminação de desinformação é intencional. Muitas vezes, as pessoas compartilham informações sem saber se são verdadeiras ou não, o que pode causar danos significativos. O pesquisador José Lima destaca que há semelhanças entre a propagação de informações falsas durante a pandemia e a guerra no Oriente Médio.

Essa disseminação de desinformação também está relacionada a interesses políticos. Lima afirma que as redes de desinformação existentes no Brasil têm conexões com a classe política, o que se torna um problema grave. Além disso, existe um viés de confirmação, no qual as pessoas buscam informações que confirmem suas preferências políticas e ideológicas.

Os pesquisadores defendem que é necessário estar atento e não compartilhar conteúdos dos quais não se conheça a procedência. É preciso desconfiar de mensagens urgentes, com tom conspiratório e de conteúdos com teor sensacionalista. É fundamental buscar informações em fontes confiáveis e não contribuir para a disseminação de desinformação.

As redes sociais, controladas por grandes empresas de tecnologia, também têm um papel importante a desempenhar no combate à desinformação. No entanto, ainda há muito a ser feito e as plataformas devem assumir uma responsabilidade maior na veiculação de vídeos e fotos. É essencial buscar um equilíbrio entre a liberdade de expressão e o combate à desinformação para tornar o ambiente de discussão mais saudável.

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