Uma das editoras que se retirou foi a Sharjah Book Authority, que em um comunicado oficial afirmou: “defendemos o papel da cultura e dos livros para incentivar o diálogo e a compreensão entre as pessoas. Acreditamos que esse papel é mais importante do que nunca”. A ausência dessas editoras certamente deixará um vazio significativo no evento, que perdeu a oportunidade de promover a diversidade cultural e a troca de conhecimentos entre diferentes regiões do mundo.
O cancelamento da cerimônia foi mencionado pelo filósofo esloveno Žižek em seu discurso, no qual ele expressou sua chocante surpresa com a situação. Em suas palavras, Žižek afirmou que os ataques de Israel colocam “milhões de palestinos em uma situação impossível”. Seu discurso foi interrompido abruptamente por um homem que subiu ao palco e começou a discutir com o filósofo, acusando-o de “relativizar os ataques do Hamas”.
Žižek se defendeu das acusações, afirmando que também condena os ataques do grupo palestino e reconhecendo que Israel tem o direito de se defender. O incidente no palco trouxe à tona as tensões políticas e ideológicas que cercam os conflitos no Oriente Médio, mostrando como essas questões ainda são sensíveis e controversas.
Além disso, Žižek também criticou o tema desta edição da feira, intitulado “favo de mel das palavras”, escolhido em homenagem à Eslovênia, país convidado deste ano. O filósofo argumentou que o modelo de sociedade das abelhas é extremamente ditatorial, fazendo uma analogia com os regimes autoritários presentes em diversas partes do mundo.
O cancelamento repentino da Feira Internacional do Livro de Sharjah evidencia as divisões políticas e ideológicas que persistem na região do Oriente Médio. Enquanto algumas editoras optaram por se retirar em protesto contra as ações de Israel, outras permaneceram, defendendo a importância do diálogo e da cultura como formas de promover a compreensão mútua entre os povos. É um momento que nos lembra da necessidade de buscar soluções pacíficas para os conflitos e valorizar a diversidade cultural como uma ponte para uma convivência harmoniosa.