Conselho de Segurança da ONU encerra segunda reunião sobre conflito entre Israel e Hamas sem acordo

Depois de uma reunião que durou duas horas e meia, encerrou-se sem acordo a segunda sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre o conflito entre Israel e o grupo palestino Hamas. As discussões sobre uma resolução continuarão nos próximos encontros.

O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, que presidiu a reunião, fez um apelo ao Conselho de Segurança em relação à ameaça de uma catástrofe humanitária. Ele afirmou que o Conselho tem uma responsabilidade crucial tanto na resposta imediata à crise humanitária atual, quanto em futuros estágios, ao intensificar as relações multilaterais necessárias para restaurar um processo de paz. Vieira ressaltou que tanto os israelenses como os palestinos não deveriam passar por sofrimentos semelhantes novamente.

O chanceler brasileiro também informou que o Brasil continuará promovendo o diálogo entre os membros do Conselho e buscando novas formas de negociação. Ele ressaltou que o objetivo imediato é prevenir mais derramamento de sangue e perda de vidas, além de garantir acesso humanitário urgente às áreas mais atingidas.

Vieira reiterou o apelo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela liberação imediata e incondicional dos civis feitos reféns desde o início da crise. Ele ressaltou que o Brasil trabalha por uma solução que envolva a coexistência de dois estados, apoiando a solução de dois estados com os palestinos vivendo lado a lado, em paz e prosperidade, e fronteiras seguras acordadas mutuamente com Israel.

O ministro expressou a preocupação do governo brasileiro com a determinação de Israel de que a população se retire da parte norte da Faixa de Gaza até às 0h deste sábado (14h, horário de Brasília). Ele ressaltou que a saída de mais de 1 milhão de civis em 24 horas levaria a uma crise humanitária sem precedentes.

Como o Brasil assumiu a presidência rotativa do Conselho de Segurança, o encontro foi presidido por Vieira. Após a reunião, ele se encontrou com o secretário-geral das Nações Unidas, Antônio Guterres, e apresentou um resumo dos diálogos.

Para que uma resolução seja aprovada no Conselho de Segurança da ONU, é necessário que receba o voto favorável de pelo menos 9 dos 15 países membros do órgão e que nenhum dos cinco membros permanentes – Estados Unidos, França, Reino Unido, Rússia e China – exerça o poder de veto. Um texto pode ser aprovado mesmo com a abstenção de um desses países, desde que não haja veto.

Antes de se reunir com Mauro Vieira, Guterres expressou solidariedade às famílias dos trabalhadores que morreram na Faixa de Gaza e em outras áreas de conflito. Desde o início da ofensiva do Hamas, 11 funcionários da ONU e 23 trabalhadores de organizações humanitárias morreram em Gaza. Nesta sexta-feira (13), um cinegrafista da agência Reuters morreu no sul do Líbano.

Desde a Segunda Guerra Mundial, o Conselho de Segurança da ONU aprovou apenas quatro resoluções. A primeira ocorreu durante a Guerra da Coreia, na década de 1950. Após um período de paralisia durante a Guerra Fria, o conselho aprovou mais três resoluções: na invasão do Kuwait pelo Iraque, em 1991; na invasão do Afeganistão após os eventos de 11 de setembro de 2001; e na intervenção militar na Líbia, em 2011.

Sair da versão mobile