Durante a reunião, Haddad revelou que Georgieva expressou a intenção de apresentar uma nova fórmula para o realinhamento das cotas e convidou o Brasil a pensar sobre essa possibilidade. O ministro comemorou a iniciativa da diretora-geral do fundo, considerando-a como algo positivo. Ele enfatizou também a importância do princípio da proporcionalidade entre os países-membros e ressaltou que questões conjunturais não deveriam afetar tal premissa.
As cotas são classificadas pelo FMI como “o alicerce da estrutura financeira e de governança” da organização. Elas levam em consideração a posição econômica de cada país e determinam o poder de voto nas decisões do fundo. As cotas são revisadas a cada cinco anos, levando em conta as necessidades financeiras do fundo e a capacidade de cada país em suportá-las. O último processo de revisão ocorreu em 2010 e entrou em vigor em 2016.
Além disso, Haddad revelou que Georgieva também solicitou que o Brasil faça novos aportes ao Fundo para Redução da Pobreza e Crescimento (PRGT), que financia empréstimos sem juros a países pobres. A diretora-geral do FMI pediu aos países-membros para fazerem novos aportes em virtude da crise da dívida dos países pobres e do aumento das taxas de juros. Haddad não mencionou valores específicos, mas assegurou que o Brasil está aberto à discussão.
Georgieva também destacou a importância de ampliar a família de contribuintes do PRGT. Dos 190 países-membros do FMI, apenas 40 contribuem com recursos financeiros para o fundo. A diretora-geral ressaltou a necessidade de unir esforços em benefício dos mais vulneráveis na economia global.
A reunião anual do FMI no Marrocos aborda temas como a crise da dívida dos países pobres, o realinhamento das cotas dos países-membros e o aumento dos recursos da cota permanente do fundo. Espera-se que as discussões durante o evento avancem e conduzam a um acordo até o final deste ano. A reunião também oferece a oportunidade para o Brasil expressar sua posição histórica em relação ao princípio da proporcionalidade e reforçar a importância desse princípio para a legitimidade e apoio do FMI no médio e longo prazo.